26 de dezembro de 2024

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nossos sites, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar o Portal do Trânsito, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

26 de dezembro de 2024

Saiba quais são as características necessárias para ser instrutor de trânsito


Por Pauline Machado Publicado 08/12/2021 às 11h15 Atualizado 08/11/2022 às 21h18
Ouvir: 00:00

A profissão de instrutor de trânsito, pela sua natureza pedagógica, requer algumas características, como por exemplo, a proatividade. Veja outras.

Muitos leitores nos escrevem com dúvidas sobre quais são os pré-requisitos e características para ser um instrutor de trânsito, também conhecido como instrutor de autoescola ou de Centro de Formação de Condutores (CFC), e sobre qual é o cenário atual do mercado de trabalho para este profissional.

Diante dessa demanda, conversamos com o presidente da Federação Nacional das Autoescolas (Feneauto) e do Sindicato das Autoescolas do estado de SP (Sindautoescola.SP), Magnelson Carlos de Souza e com Mauricio Pontello, diretor da rede Totus Vita de Ensino para o Trânsito,  para entender as exigências e as oportunidades do setor.

A profissão no Brasil

A Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, do Ministério de Trabalho e Emprego relaciona 68 profissões regulamentadas. Dentre elas está a de instrutor de trânsito, regulamentada pela Lei 12.302 de 02 de agosto de 2010.

Mauricio PontelloMauricio Pontello é diretor da rede Totus Vita de Ensino para o Trânsito. Foto: Arquivo Pessoal.

De acordo com Mauricio Pontello, o fato de uma profissão ser regulamentada revela seu caráter de relevância diante da sociedade. Nesse sentido, é a lei que estabelece deveres dos profissionais, critérios de qualificação e ainda prevê a fiscalização da atividade profissional. O objetivo é garantir que a população esteja segura diante do exercício dessa profissão. “A confirmação está na Lei 9.503 de 23 de setembro de 1997, intitulada Código de Trânsito Brasileiro (CTB) que estabelece que o candidato habilitado terá em seu prontuário a identificação de seus instrutores e examinadores, que serão passíveis de punição conforme regulamentação a ser estabelecida pelo CONTRAN. É na Resolução 789 de 18 de junho de 2020 que encontramos os detalhes da formação desse profissional”, explica Mauricio Pontello.

A formação

Em primeiro lugar é preciso preencher as seguintes exigências estabelecidas em lei para fazer o curso de instrutor de autoescola, conforme o anexo III da Resolução 789/20:

  • ser maior de 21 anos;
  • comprovar escolaridade de ensino médio;
  • ser habilitado no mínimo há dois anos;
  • ser aprovado em avaliação psicológica para fins pedagógicos.

Pontello enfatiza que a formação de instrutor de trânsito habilita-o ao exercício da atividade tanto de instrutor teórico, quanto de prática veicular e que a carga horária do curso de formação de Instrutor de Trânsito é de 180 horas/aula. Elas são distribuídas em seis módulos totalizando 11 disciplinas, que estão divididas em três blocos:

  • as pedagógicas como a didática;
  • as de conteúdos técnicos como a legislação de trânsito e;
  • as de práticas como a prática do ensino.

Ainda de acordo com ele, a estrutura curricular básica do curso de formação de instrutor de trânsito é uma só, não havendo distinção quanto ao tipo de veículo, se carro, moto, ônibus ou caminhão. Ele explica que o instrutor poderá instruir candidatos à habilitação para categoria igual ou inferior àquela em que esteja habilitado. Por exemplo, um futuro instrutor habilitado na categoria A (moto) poderá dar aulas a candidatos a essa habilitação, o habilitado na categoria B a candidatos a essa categoria e assim sucessivamente.

“Assim, comprova-se mais uma vez, a importância de se realizar um bom curso que permita ao futuro instrutor receber as devidas orientações quando da prática do ensino. É no processo de formação desse profissional que as competências, ou seja, a qualidade de apreciar e resolver um problema, bem como as habilidades, aplicação prática da competência, o saber fazer, serão trabalhadas para que ele tenha condições de ensinar”, orienta.

Características específicas para quem quer ser instrutor de trânsito

A profissão de instrutor de trânsito, pela sua natureza pedagógica, de ensino, requer do profissional algumas características,  como:

1 – Gostar de aprender: só é possível ensinar se gostarmos de aprender. É o nosso conhecimento que nos diferencia no momento de ensinar;

2 – Ser disciplinado e organizado: isso ajuda a transmitir ensinamento com clareza e torna as aulas mais produtivas;

3 – Ser paciente e empático: entender a necessidade, bem como a limitação do aluno e procurar construir a solução junto com ele;

4 – Ser proativo: buscar a solução para o melhor resultado do aluno;

5 – Cultivar e praticar valores: respeito, perdão, compaixão são valores inerentes aos humanos e quando praticados produzem frutos imediatos e duradouros.

De acordo com Mauricio Pontello, mais do que tratar os alunos com urbanidade como preceitua a regra da profissão, ou preparar o candidato para o exame final que possibilitará a obtenção da CNH, o instrutor de trânsito tem a oportunidade de num curto período de tempo, contribuir para que aquele novo condutor seja um cidadão mais ciente da necessidade de uma cultura de paz e preservação da vida.

“Portanto, estamos falando sobre um profissional de fundamental importância na formação do condutor. Isso porque ele não passa somente técnicas de como operar um veículo automotor. O profissional faz um trabalho de cidadania e conscientização para que os seus alunos possam efetivamente assumir o seu papel de cidadãos conscientes no trânsito”, corrobora o presidente da Feneauto, Magnelson Carlos de Souza.

Mercado de trabalho e o papel do instrutor de trânsito

Magnelson Carlos de SouzaMagnelson Carlos de Souza é presidente da Federação Nacional das Autoescolas (Feneauto) e do Sindicato das Autoescolas do estado de SP (Sindautoescola.SP). Foto: Arquivo Pessoal

O atual mercado de trabalho está aquecido e muitas autoescolas e CFCs estão admitindo novos profissionais para seus quadros. A princípio, muitas vezes não se exige experiência anterior, sendo uma ótima oportunidade de emprego e de uma nova profissão.

Além disso, a profissão de instrutor de trânsito pode levar o profissional a escalar uma carreira. Isso é possível através da especialização, tornando-se, por exemplo, um instrutor de cursos especializados ou mesmo um diretor de CFC e examinador de trânsito.

“Pessoas que procuram o mercado geralmente possuem ensino médio completo, com idades entre 25 e 45 anos e que buscam uma nova profissão. Ou, ainda, pessoas que já trabalham em áreas distintas e buscam novas oportunidades. Além disso, temos as pessoas que trabalham em transportadoras ou empresas de ônibus que fazem o curso para poderem ministrar os treinamentos internos”, ilustra Magnelson.

Para ele, o mundo e o Brasil passam por um processo de profunda transformação comportamental e a tecnologia está avançando a passos largos.

“É imprescindível que os instrutores de trânsito assumam o seu papel de protagonismo nesse momento de transformações e novas tendências. Temos que aprimorar e modernizar as nossas técnicas, transmitindo novos ensinamentos, a percepção de risco, conduta e postura adequadas no trânsito para os novos condutores. Somente assim estaremos garantindo a nossa relevância e importância no cenário do trânsito. Assim como, estaremos contribuindo na diminuição da acidentalidade e mortalidade do trânsito brasileiro”, ressalta e finaliza.

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *