Pesquisa publicada na revista Pediatrics, no final do ano passado nos Estados Unidos, concluiu que as habilidades de direção medidas no momento de obter a licença para dirigir realizada em um ambiente virtual, ajudam a prever o risco de jovens condutores recém-habilitados se envolverem em acidentes, ou sinistros de trânsito.
O estudo foi realizado pelo Centro de Pesquisa e Prevenção de Lesões (CIRP) do Hospital Infantil da Filadélfia (CHOP). Também contou com a parceria da Universidade da Pensilvânia e da Universidade de Michigan. Ele traz importantes resultados no sentido de identificar quais os déficits de habilidades mais colocam em risco os jovens recém-habilitados.
De acordo com a publicação, de conhecimento dessas informações, é possível desenvolver intervenções para aprofundar o processo de habilitação. Além disso, aperfeiçoar conhecimentos específicos e prevenir mortes no trânsito.
Estudos aprofundados sobre competências de condução
Segundo a pesquisa, nos últimos vinte anos, os investigadores do CIRP concluíram que a principal razão que contribui para a ocorrência de acidentes envolvendo condutores recém-habilitados está relacionada às competências de condução inadequadas. Como, por exemplo, a gestão da velocidade. Nesse sentido, eles conduziram estudos para desenvolver e validar um simulador virtual de direção que mede o desempenho destas competências de condução. As avaliações ocorrem em cenários comuns de acidentes graves que não podem ocorrer através de testes em vias reais de tráfego. O VDA, sigla do simulador, utiliza uma avaliação de direção virtual baseada em IA que fornece ao motorista insights e ferramentas para aperfeiçoamento de competências.
Conforme a principal autora do estudo, Elizabeth Walshe, PhD , neurocientista cognitiva e pesquisadora clínica que dirige a equipe de Neurociência da Condução no CIRP, os resultados desta simulação foram ligados aos registros de acidentes relatados pela polícia.
“Descobrimos que os condutores classificados por seu desempenho como tendo problemas graves com comportamento perigoso corriam maior risco de colisão do que a média dos novos motoristas.”
Pesquisa
Os pesquisadores analisaram 16.914 motoristas recém-habilitados com menos de 25 anos. Os dados foram coletados de candidatos que completaram o simulador entre julho de 2017 e dezembro de 2019. Os pesquisadores examinaram os registros de acidentes até meados de março de 2020.
Ainda conforme a pesquisa, com os resultados em mãos, houve a utilização de um modelo de risco proporcional para estimar o risco de acidente em função do desempenho do usuário no simulador. O estudo descobriu que os condutores novatos com melhor desempenho, descritos como “sem problemas” com base no seu padrão de comportamento de condução no simulador, tinham um risco de acidente 10% inferior à média. Por outro lado, os usuários que tiveram “Problemas Graves com Comportamento Perigoso” tiveram um risco de acidente 11% maior que a média.
“Essas descobertas são extremamente importantes porque nos fornecem evidências quantitativas de que podemos abordar a segurança dos jovens motoristas de uma nova maneira, prevendo o risco de colisão”, disse Flaura Winston, MD, PhD , co- diretor científico do CIRP no CHOP e coautor do estudo. “Ao fornecer essas informações antes da habilitação, podemos direcionar recursos para aqueles que estão em maior risco e, potencialmente, evitar a ocorrência de acidentes quando esses jovens dirigem sozinhos pela primeira vez”, explicou.
De acordo com Michael Elliott, PhD , professor de Bioestatística na Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan e professor pesquisador do Instituto de Pesquisa Social da UM e coautor do estudo, no simulador os motoristas conduzem em situações de baixo a alto risco. “Esta ferramenta usa informações sobre seus comportamentos, como frenagem virtual, aceleração, direção bem como colisão. Esse perfil de risco demonstrou ser preditivo do comportamento de colisão durante os primeiros anos na condução. O que é crucial é que a maioria desses comportamentos são passíveis de treinamento adicional de direção”, concluiu.