Especialista diz que prazo de validade da CNH de 10 anos pode comprometer a segurança

Para Dr. Alysson Coimbra, médico do tráfego e coordenador nacional da Mobilização de Médicos e Psicólogos Especialistas em Tráfego, é preciso refletir sobre o prazo de validade da CNH.


Por Mariana Czerwonka
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Para o médico, é preciso refletir sobre o prazo de validade da CNH. Foto: Divulgação Detran-BA

Em 2021 tivemos uma grande mudança no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) que mudou o processo de renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e ampliou os prazos de validade do documento. Essa alteração foi bastante polêmica à época e especialistas afirmavam que essa seria uma decisão temerária. Atualmente, passados mais de três anos da mudança, Dr. Alysson Coimbra, médico do tráfego e coordenador nacional da Mobilização de Médicos e Psicólogos Especialistas em Tráfego, faz um alerta.

Para ele, é preciso refletir sobre o prazo de validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), além disso questionar a adequação desse período de 10 anos, especialmente considerando a evolução da capacidade física e cognitiva ao longo da vida. “Quando esse prazo foi determinado, ele não se baseou em estudos aprofundados sobre os riscos específicos de dirigir em diferentes faixas etárias, tampouco incluiu contribuições de especialistas em segurança viária e saúde dos condutores”, explicou.

Ele diz ainda que hoje, vemos que esse modelo, inapropriado para a realidade do país, torna-se perigoso quando aplicado indiscriminadamente para todas as categorias e finalidade de uso dos veículos.

“Conceder 10 anos de validade para motoristas até 49 anos é um risco real que reflete no aumento de sinistros de trânsito (acidentes)”, avisa.

Capacidade de dirigir

O médico ressalta que estender a validade da CNH para 10 anos sem a exigência de uma avaliação médica e psicológica regular é, na verdade, ignorar uma oportunidade crítica de monitorar e preservar a saúde dos condutores. “A falta de avaliações periódicas elimina um importante mecanismo de rastreamento de doenças que, se detectadas precocemente, poderiam salvar vidas e reduzir acidentes. É incontestável que, em um intervalo de 10 anos, a saúde de uma pessoa pode sofrer transformações significativas, algumas das quais interferem diretamente na capacidade de dirigir com segurança”, diz.

Para ele, a manutenção de uma periodicidade de 5 anos para exames médicos e psicológicos de motoristas de veículos de grande porte e/ou que exerçam a atividade remunerada em veículos poderia, portanto, ser uma grande política pública de prevenção de agravos à saúde por permitir o diagnóstico precoce. Dessa forma, protegendo não só o condutor, mas também a segurança de todos no trânsito.

“Em 10 anos, problemas de saúde que surgem silenciosamente podem já ter causado danos irreversíveis, tirando vidas ou comprometendo seriamente a habilidade de conduzir em segurança”, conclui.

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