Chegamos ao fim de mais uma Semana Nacional de Trânsito e o balanço de 2023 nos faz chegar a algumas conclusões. Este é um período do ano em que se incentiva a sociedade a falar sobre o tema trânsito. Seja através das escolas, dos órgãos de trânsito, da própria mídia…todos encontram um espaço, nem que seja pequeno, para este debate. No entanto, o que vemos é que isso não está sendo suficiente para termos resultados efetivos, ou seja, tirar o Brasil do topo do ranking dos países que mais matam no trânsito.
Conforme David Duarte Lima, doutor em Segurança de Trânsito pela Universidade Livre de Bruxelas (Bélgica) e mestre em Saúde Pública pela Universidade Católica de Louvain (Bélgica), falta um planejamento dos entes federativos. “Parece que a sociedade vive de espasmos. Temos Semana do Trânsito, o dia do ciclista, do pedestre…no entanto, falta uma programação ao Estado brasileiro. E não falo só da União, falo dos estados e municípios também. Porque assunto não falta”, explica.
O especialista alerta que existem temas importantes que devem ser trabalhados todos os dias.
“Hoje, a principal causa de mortes no trânsito são os acidentes com motocicletas. Além disso, atualmente, 80% dos feridos no trânsito estão numa motocicleta”, ressalta.
Celso Mariano, que também é especialista na área, concorda que a Semana do Trânsito ou o Maio Amarelo, por exemplo, são importantes, mas não atendem uma necessidade básica, porque trânsito é todo dia. “Insistimos em fazer campanhas num dia do ano, ou numa semana, ou durante um mês do ano, como se o trânsito fosse um daqueles temas que devem ser tratados pontualmente, como por exemplo, uma campanha de vacinação específica. O trânsito não tem essa característica”, argumenta.
Para ele, é necessário um programa perene de educação para o trânsito.
“Precisamos renovar esta visão de tudo o que ainda nos falta fazer no trânsito brasileiro. E, mais do que isso, é urgente que a sociedade se contamine por essa necessidade”, conclui.