“O pedestre precisa ver e ser visto”, orienta especialista em trânsito


Por Mácio Amaral

Especialista destaca a importância do “pedestre ativo” na prevenção aos acidentes. O que é possível fazer para contribuir com um trânsito mais seguro? Leia a reportagem.

Quando se fala em trânsito e prevenção a acidentes, é comum associar essas responsabilidades a condutores e motociclistas. Mas além daqueles que utilizam um veículo automotor como meio de transporte, os pedestres também merecem atenção. Afinal, em muitos casos esse grupo acaba sendo a vítima.

Foto: Arquivo Pessoal

O Portal do Trânsito conversou com o engenheiro civil especialista em trânsito, Antônio Monteiro, para entender o que o pedestre pode fazer para prevenir acidentes. Bem como, contribuir com um trânsito mais seguro.

Atenção

O especialista destaca três principais atitudes do pedestre que colocam sua própria vida em risco:

– Atravessar sem atenção ou correndo pela via;
– Utilizar celular ao atravessar, desviando totalmente a atenção do trânsito;
– Usar roupas escuras à noite, o que dificulta ser visto.

O uso do celular, que é um dos grandes riscos para condutores, é mencionado por Antônio também como ponto crítico para os pedestres. “Muitos ainda insistem em atravessar a rua ou até mesmo andar pela calçada utilizando o aparelho”, explica.

Pedestre ativo

Esse hábito tira a atenção. Além disso, desvia o cidadão de ser o que o especialista chama de “pedestre ativo”. Em outras palavras é aquele que se posiciona na faixa e com gestos de mão solicita e indica ao motorista sua intenção de atravessar a via.

“Sempre iremos defender a prevenção, a tomada de atitudes seguras. Então um dos fatores mais importantes é ver e ser visto. Somente adentrar a via se houver a segurança e a garantia de concluir a travessia de forma segura, sem precisar correr ou passar entre os carros. Outro ponto é atravessar em linha reta e não tirar a atenção com o uso do celular, por exemplo”, orienta.

Segundo ele, um dos grandes problemas das cidades é a falta de faixa de pedestres e sobretudo a falta de respeito a ela por parte dos motoristas. “O caminho da solução é implantar mais faixas de formato e posicionamento adequados e campanhas para respeito e uso correto”, afirma.

Cidade-exemplo

O engenheiro cita a cidade de Paris, na França, como um exemplo a ser seguido. No final de agosto desse ano, a cidade adotou uma medida para incentivar as caminhadas, o ciclismo e o uso do transporte público: o limite de velocidade de 30 km/h em toda a cidade.

Em pronunciamento a uma rádio local, o vice-prefeito David Belliard disse que esta não era “uma medida contra os automóveis”, e sim porque queriam limitar os veículos apenas para viagens essenciais. Algumas vias principais, como a Champs-Élysées, estarão isentas, com o limite de velocidade permanecendo em 50 km/h.

No Brasil, o especialista elenca algumas alternativas para melhorar a segurança dos pedestres.

“Em primeiro lugar seria a melhoria das calçadas, problema generalizado das cidades brasileiras. Nesse sentido, o caminho é pensar as cidades para as pessoas, tornando e criando espaços caminháveis mais seguros. Outro ponto fundamental é a redução da velocidade em áreas urbanas, projeto encabeçado pela ONU e cidades como Paris já implantaram. Estudos mostram, por exemplo, que essa redução reduz em 90% a possibilidade de morte por atropelamento”, aponta Antônio.

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