Autopreservação no trânsito: entenda o que é e porque devemos torná-la um hábito
Além dos esforços dos responsáveis pelas vias para reduzir os riscos, existe uma parte de responsabilidade do usuário, e é aí que entra um elemento fundamental: a autopreservação.
Todos que utilizam as vias seja como condutores, motociclistas, ciclistas ou pedestres estão expostos à riscos. Diminui-los é o grande desafio dos gestores que cuidam do trânsito em grandes cidades do mundo inteiro. O conceito de segurança, atualmente, define-se como resultado da inter-relação de diversos componentes que formam um sistema. Então, além dos esforços dos responsáveis pelas vias, existe uma parte de responsabilidade do usuário, e é aí que entra um elemento fundamental: a autopreservação no trânsito. E é esse o tema da reportagem do Portal do Trânsito que você pode ver acima.
Cuidar de si mesmo é uma atitude que promove uma maior proteção aos riscos, não só do trânsito, mas de todas as situações de boa parte da vida. Por esse motivo, é essencial saber agir corretamente frente às diversas ocorrências do dia a dia, reconhecendo maus hábitos e posturas negativas.
“O cidadão deve questionar continuamente suas ações, autoavaliar suas atitudes, verificando seu próprio desempenho em cada nova situação e corrigindo-o quando necessário”, explica Celso Mariano, especialista e diretor do Portal do Trânsito & Mobilidade.
No trânsito, o especialista ressalta que o condutor que faz essa autoavaliação, além de melhorar suas atitudes, serve de exemplo para os demais. “Dessa forma, gerando um convívio melhor no espaço tumultuado que é o trânsito”, argumenta.
Ciclistas no trânsito
Em 2023, houve o registro de mais de 260 mil internações hospitalares na rede pública por sinistros de trânsito. Segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), 76% desses casos envolveram pedestres, ciclistas e motociclistas.
De acordo com os dados do Ministério da Saúde, na última década mais de 2,2 milhões de atendimentos foram realizados no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento de pessoas envolvidas em sinistros graves de trânsito. A análise mostra uma tendência preocupante de aumento nas internações dos grupos mais vulneráveis. Entre os ciclistas, houve um crescimento constante ao longo da última década, de 9.238 em 2014 para 15.573 em 2023.
Ao avaliar os números de óbitos entre 2013 e 2022 (último dado disponível), é possível observar que pedestres, ciclistas e motociclistas também representam os grupos mais vulneráveis às fatalidades. Segundo os dados oficiais, apesar de uma tendência geral de declínio nos óbitos relacionados ao trânsito, esses grupos continuam a enfrentar riscos desproporcionais, representando metade de todos os registros de óbitos a cada ano.
Em entrevista durante o Maio Amarelo, Antonio Meira Júnior, presidente da ABRAMET, destacou a preocupação com esses usuários.
“Os dados destacam a urgência de medidas preventivas focadas na educação e infraestrutura de trânsito que protejam especialmente esses usuários mais expostos. A campanha do Maio Amarelo deste ano questionou se realmente levamos a paz para as ruas todos os dias e como nossas atitudes enquanto pedestres, ciclistas, motociclistas e, principalmente, motoristas contribuem para um trânsito mais seguro e saudável”, ponderou.
Comportamento e autopreservação no trânsito
Apesar de termos a consciência de que apenas o comportamento do usuário não é, sozinho, capaz de zerar todos os riscos a que estamos expostos, ele tem participação essencial nesse sistema de prevenção e redução de mortes devido à violência do trânsito.
Conforme Mariano, a grande maioria dos motoristas raramente comente infrações de trânsito ou envolve-se em acidentes. “Quase todos os problemas são causados por uma minoria cujo comportamento pode ser decorrente da dificuldade em lidar com as pressões na vida”, conclui.