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07 de setembro de 2024

Artigo – Sonho de ano novo


Por Artigo Publicado 14/12/2021 às 21h00 Atualizado 08/11/2022 às 21h17
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 J. Pedro Corrêa fala das expectativas brasileiras para o ano novo, um ano de eleições para presidente com economia ruim e continuação da pandemia.

*J. Pedro Corrêa

Como escrever um artigo de fim-de-ano sobre expectativas para o ano novo sem cair nos velhos chavões dos “maiores desejos e grandes esperanças por melhores dias”? Afinal, não estamos mais em idade de dizer coisas bonitas, formular boas intenções e torcer para que aconteçam, sem as fundadas conexões com a realidade, apenas para deixar o leitor animado.

Motivos para acreditar num 2022 melhor até existem mas é bom lembrar que vivemos num país onde “esquecemos” com facilidades as promessas feitas no calor de certos momentos de emoção.

Assim, é importante encontrar o meio-termo equilibrado onde haja espaço para esperanças, sem se deixar levar pelo euforismo sem muita base, apenas porque combina com o clima de fim-de-ano.

2022 será ano de eleição presidencial no Brasil e então, preparemo-nos, pois veremos de tudo e mais um pouco: as fake news estão proibidas mas não eliminadas.

Anos de eleições geralmente produzem milagres de fazer aparecer dinheiro que estava escondido em diversos lugares.

A pergunta oportuna, então, é: a segurança no trânsito vai se beneficiar do grande evento do ano?

Políticos e demagogos gostam destes grandes momentos para prometer o quanto puderem. É essencial, porém, que parte das promessas aconteça antes do dia da eleição para que possa ser “inaugurada” ou faturada, politicamente. No caso da segurança do trânsito não há muita coisa que caiba nesta receita. Além disto, a ideia geral é a de que trânsito não dá voto e, como já não temos cultura da segurança, o mais provável mesmo é que este setor não seja muito privilegiado ano que vem. Isto não significa que não possam ocorrer fatos isolados e pontuais na área de trânsito que não possam entrar no calendário eleitoral.

Cito, por exemplo, os planos do Ministério da Infraestrutura que este ano confirmou a transferência de vários ativos para a iniciativa privada, além de leilões de rodovias federais. A previsão do Minfra é chegar ao final de 2022 com a contratação de R$ 250 bilhões em infraestrutura. Em outras palavras, pode significar melhorias consideráveis na malha rodoviária brasileira. Como, por exemplo, as rodovias que perdoam, dentro das recomendações do Irap, a ONG internacional de avaliação de rodovias.

As cidades brasileiras que já desenvolvem seus programas municipais de segurança no trânsito devem continuar com eles.

Além disso, possivelmente emplacarão novos feitos durante o ano contribuindo, assim, com o clima eleitoral. Algumas destas cidades, notadamente capitais, têm a seu favor dois fatores importantes: prefeitos e lideranças locais têm dado apoio aos programas. Além disso, as prefeituras contam com assessorias de ONGs internacionais de grande experiência para auxiliar na implementação das ações de campo. Ou seja, o que tem feito grande diferença.

As cidades, contudo, terão grandes dificuldades no ano novo, em razão da continuação da crise econômica que assola o país, agravada pela pandemia que, não se sabe ainda, por quanto tempo continuará a aterrorizar a sociedade. Seja como for, são dois óbices de respeitáveis dimensões a serem enfrentados.

Embora se diga que em ano de eleição sempre aparece muito dinheiro novo, é de se esperar que a sociedade não terá facilidades no enfrentamento do custo de vida.

Os preços dos combustíveis, já estão nas alturas, provavelmente continuarão altos no ano novo. E isso poderá determinar uma estagnação do trânsito e provocar uma redução dos sinistros, o que não deixa de ser um lado positivo da crise. A contínua valorização dos automóveis deve ocasionar um IPVA mais caro. E esse é mais um motivo de aperto econômico do brasileiro e tudo isso acaba se refletindo de alguma forma na contenção do trânsito.

No lado positivo, 2022 poderá ser um ano importante para o PNATRANS, o programa de redução de mortes e sinistros graves no trânsito da Senatran. Uma vez aprovado, agora, ele entra na fase de implantação, saindo dos discursos de Brasília para as frentes de ação dos estados e municípios. Como foi elaborado com muito cuidado e contou com a participação de representantes estaduais e municipais, é de se esperar que tenhamos novidades. Bem como,  que estas incentivem outras ações para que o programa ganhe o fôlego que precisa.

O ano de 2022 marcará o segundo centenário da independência do Brasil, data que certamente merecerá algumas comemorações de destaque pelo país.

Oxalá o trânsito possa ser contemplado no bojo dos festejos e seja aquinhoado com alguns avanços na área de segurança. Por enquanto não tomei conhecimento de qualquer atividade relativa ao duo centenário da independência.

Em janeiro, vamos entrar no segundo ano da Década Mundial de Ações de Trânsito. O acontecimento pode oportunizar bom número de ações tanto no plano urbano como no rodoviário brasileiro. Há inúmeras atividades a se desenvolver, resta saber se efetivamente irão acontecer. Pelas estimativas do IBGE, o Brasil deverá ter, em 2030, uma população de 225 milhões de habitantes. O grande alerta é que 90% desta população viverá nos centros urbanos, o que significa um enorme desafio aos governantes que têm obrigação de deixar a casa pronta para receber toda esta gente. Melhor tomar as providências desde já.

Vejam como é difícil falar de perspectivas bem fundadas na área de trânsito. Por mais que tente, é difícil escapar do condicional já que segurança mesmo não há. O que há de concreto é que a segurança no trânsito nos últimos anos tem crescido no Brasil, tem mostrado força em algumas cidades, notadamente de maior porte, e certamente marcará novos tentos em 2022.

*J. Pedro Corrêa é consultor em programas de segurança no trânsito

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