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07 de setembro de 2024

Artigo – Espelho brasileiro


Por Artigo Publicado 24/10/2022 às 21h00 Atualizado 08/11/2022 às 21h01
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J. Pedro Corrêa comenta sobre o estudo feito por um grupo de técnicos de Belo Horizonte sobre os resultados da 1ª Década Mundial de Trânsito nas capitais e nas cidades do interior dos estados.

Recebo do amigo Ronaro Ferreira, da BHTrans, de Belo Horizonte, cópia do estudo de 19 páginas produzido por uma equipe interdisciplinar da capital mineira formada por ele e mais cinco colegas sobre “Resultados da década mundial de ação pela segurança no trânsito no Brasil: comparação entre capitais e as cidades do interior”. É uma análise sobre a evolução da letalidade no trânsito brasileiro comparando desempenhos das capitais e das demais cidades de cada estado no período 2010 a 2020. Os dados foram obtidos do SIM, Sistema de Informações de Mortalidade do Sistema Único de Saúde do Ministério da Saúde.

Pelo estudo, vê-se que a taxa de mortalidade por 100 mil habitantes passou de 22,46 para 15,45. A redução é de 31,2% no número de óbitos nas capitais.

Já a meta da OMS era reduzir em 50% o número de mortes projetado para 2020; houve diminuição de 47,6%. Enquanto isto, a meta do Ministério da Saúde era diminuir em 50% o número de óbitos de 2010, mas alcançou-se 23,6%. Portanto nenhuma das metas foi atingida.

Minha primeira reação é de absoluto apoio e cumprimentos pela produção de trabalhos desta espécie, absolutamente essenciais para debatermos a situação do nosso trânsito. Além disso, fundamental para dispormos de mais elementos que possibilitem a discussão mais acurada sobre o que precisamos fazer. Seja enquanto órgãos públicos, como sociedade e como meios de comunicação, aqui incluindo a mídia social.

Como somos uma sociedade relativamente desinformada sobre o tema trânsito, é essencial que estudos desta natureza sejam assimilados e debatidos pela sociedade em todos os níveis.

Seria muito bom e oportuno que estes técnicos participassem de eventos por todo o país. Dessa forma, mostrando as conclusões deste e de outros trabalhos e discutindo papeis de governo, da sociedade e setor privado. Sempre é bom lembrar que estamos no início da 2ª Década Mundial de Trânsito. Nesse sentido, temos uma tarefa gigantesca pela frente se quisermos realmente atingir as metas fixadas pela ONU/OMS e principalmente se pretendermos levar a sério a questão da segurança no trânsito no nosso país.

Trabalhos e discussões deste tipo melhoram a cultura de segurança no trânsito da nossa gente. E, também, tornam mais efetivo o envolvimento da sociedade para tornar mais seguro o nosso direito de ir e vir. Discussões como estas no âmbito empresarial levam as empresas a redesenhar seus papeis e incentivar seus funcionários a serem mais atuantes nos esforços por um trânsito melhor. Ninguém terá mais benefícios do que eles próprios junto com suas famílias.

Oxalá técnicos de outras capitais possam seguir o mesmo caminho e produzir trabalhos semelhantes focando diferentes áreas do trânsito das cidades brasileiras. Na verdade, alguns tópicos desta mesma publicação do pessoal de BH, poderiam merecer análises bem mais apuradas por parte do próprio grupo dada a variedade de pontos de abordagem. Caberia, de fato, aos órgãos de governos se incumbirem da promoção destas ideias. Além disso, ir adiante com as discussões porque, na realidade, eles são, ou deveriam ser, os maiores interessados na sua disseminação.

Sabemos que há vários anos algumas capitais brasileiras possuem grupos de segurança no trânsito com atuação bastante grande e produzido importantes estudos.

Possivelmente os do Programa Vida no Trânsito, sejam os mais expressivos deles, pois em algumas capitais chegam a reunir até 20 instituições respeitando um calendário de reuniões onde trocam informações e discutem as principais ações e análises sobre a situação local. Eles acumularam conhecimento expressivo ao longo de sua existência e certamente poderiam oferecer mais contribuições além dos relatórios anuais que distribuem sistematicamente.

Voltando ao estudo feito pelo pessoal de Belo Horizonte, é bom frisar que seus dados e informações são de grande valor não apenas para a capital mineira, mas de todo o país. Isso porque a abrangência do trabalho é nacional. Ele é um espelho do trânsito brasileiro e pode nos ajudar muito na compreensão dos nossos problemas. Os órgãos de governo – de todos os estados – deveriam estudar os pontos interessantes e explorá-los. Diante da riqueza de informações do estudo, talvez uma conclusão válida possa ser a de que não basta apenas produzir um bom material. Nesse sentido, é preciso uma boa lista de interessados para que possam fazer dele o melhor aproveitamento. O texto integral do estudo, está disponibilizado em http://irisconsultorias.com/Trabalhos/

* J. Pedro Corrêa é consultor em programas de segurança no trânsito.

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