“A boa notícia é que 90% desses acidentes podem ser evitados”, explica Elaine Sizilo, pedagoga, especialista em trânsito. De acordo com Sizilo, pequenas atitudes ou mudanças de comportamento podem reduzir drasticamente esses números.
Atropelamentos
A maioria das mortes de crianças no trânsito acontece por atropelamento. “As crianças precisam desenvolver sua independência, isso faz parte do crescimento, mas na hora de atravessar a rua, a supervisão de um adulto é fundamental”, explica a especialista.
O mais importante a fazer para ensinar um comportamento de pedestre seguro é praticá-lo, ou seja, dar o exemplo. “Atravessar as ruas olhando para ambos os lados, respeitar os sinais de trânsito e faixas para pedestres e fazer contato visual com os motoristas são regras básicas que devem ser seguidas por todos”, diz Sizilo.
Dicas:
– Nunca deixe crianças menores de 10 anos sozinhas nas ruas, a supervisão de um adulto é fundamental. Segure sempre a mão da criança, pelo pulso, com firmeza.
– Não deixe crianças brincarem em entradas de garagens, quintais sem cerca, ruas ou estacionamentos.
– Vista a criança com roupas claras, materiais reflexivos ou use lanternas para que ela seja vista, principalmente, à noite.
– Ensine a criança a olhar, várias vezes, para os dois lados antes de atravessar a rua. E só concluir a travessia com segurança.
– Oriente-as a não atravessar a rua por trás de carros, ônibus, árvores e postes.
– Ao desembarcar do ônibus, ensine a criança a esperar que o veículo pare totalmente para descer e aguarde que ele se afaste para atravessar a rua.
– Dê prioridade à faixa de pedestres, sempre.
Ocupantes de veículos
A melhor proteção para a criança no carro é usar cadeiras e assentos de segurança. Estudos americanos mostram que cadeiras de segurança para crianças, quando instaladas e usadas corretamente, diminuem os riscos de morte em até 71% em caso de acidente “O cinto é projetado apenas para adultos com no mínimo 1,45 metro de altura e por isso não protege os pequenos dos traumas de um acidente”, explica a especialista.
Os cuidados devem ser tomados mesmo que seja para curtas distâncias. Dados apontam que 60% dos acidentes de trânsito acontecem em um raio de três quilômetros de casa.
Em motocicletas é proibido transportar crianças menores de sete anos. “Isso é o que diz a lei, a recomendação é que menores de 12 anos não andem em motos”, alerta a especialista.
Dicas para o transporte em carros:
– No carro, use o sistema de retenção de acordo com a idade, peso e altura da criança. De acordo com a legislação brasileira, crianças com até um ano de idade deverão utilizar, obrigatoriamente, o dispositivo de retenção denominado “bebê conforto”; com idade superior a um ano e inferior ou igual a quatro anos deverão utilizar, obrigatoriamente, o dispositivo de retenção denominado “cadeirinha”, já as crianças com idade superior a quatro anos e inferior ou igual a sete anos e meio deverão utilizar o dispositivo de retenção denominado “assento de elevação”.
– As cadeirinhas devem ser certificadas e instaladas corretamente no veículo, de acordo com as instruções do manual.
– Não deixe as crianças segurarem objetos pontiagudos durante o trajeto, um lápis pode causar um grande ferimento em caso de acidente.
– O airbag do passageiro pode machucar seriamente uma criança que estiver sentada no banco da frente, por isso, se for transportar uma criança em camionete, desative esse dispositivo.
Dicas para o transporte em motos:
– Para os maiores, alguns cuidados também podem evitar acidentes. Menores de sete anos não podem ser transportados em motocicletas.
– O passageiro, por exemplo, não deve tirar os pés das pedaleiras nas paradas. Além disso, tem que manter as pernas e a roupa longe do escapamento e segurar o piloto em sua cintura ou quadril.
– É importante também o piloto alertar o passageiro antes de fazer qualquer manobra súbita.
– O uso do capacete com viseira é obrigatório e indispensável.
Veículos não motorizados
Mais que brinquedos, a bicicleta, o patins, o patinete e o skate representam liberdade e independência, mas esta brincadeira exige cuidados, pois um dos maiores perigos é a lesão na cabeça que pode levar à morte ou deixar a criança com sequelas permanentes. “O único jeito de reduzir esse risco é usar o capacete. Segundo estudos, com o equipamento é possível reduzir em até 85% o risco de traumatismo craniano em caso de queda”, afirma a especialista.
Dicas:
– O capacete deve ser certificado pelo Inmetro e ficar confortável. Não pode ser solto, nem apertado. A criança deve utilizá-lo corretamente centrado na parte de cima da cabeça e com as tiras ajustadas e afiveladas sob o queixo;
– Para andar de bicicleta, as crianças devem usar sempre sapatos fechados e evitar cadarços folgados ou soltos;
– Brincar sempre em locais seguros, fora do fluxo de veículos.
– As crianças devem sempre ser supervisionadas por um adulto.
– Os pneus da bicicleta devem estar firmes e devidamente cheios, os refletores devem estar seguros e bem presos. Além disso, os freios devem estar funcionando perfeitamente.
– Os pés da criança devem alcançar o chão enquanto ela estiver sentada no assento da bicicleta.
* As dicas são da ONG Criança Segura