CFC de portas abertas para a comunidade


Por Tecnodata Educacional
treina ESAcervo Tecnodata Educacional

Sua comunidade sabe das capacidades e potenciais do seu CFC quando o assunto é trânsito? Possivelmente não. As pessoas procuram a autoescola quando precisam “tirar a habilitação”, renovar a CNH, mudar de Categoria, quando precisam fazer o Curso de Reciclagem ou ainda para Cursos Especializados. Elas não sabem que ali existe uma estrutura de escola, com salas e equipamentos, nem que ali trabalham um Diretor de Ensino e Instrutores que entendem muito de trânsito e mobilidade. E especialmente não sabem que os conhecimentos ali disponíveis podem ajudar a melhorar a segurança de todos no trânsito, das crianças aos idosos.

No Brasil, as autoescolas são praticamente as únicas instituições que formam os condutores. As poucas exceções são unidades do Exército. Todas as cidades brasileiras, com raras exceções, possuem pelo menos um Centro de Formação de Condutores. São aproximadamente 14 mil destas importantíssimas “instituições especiais de ensino”, espalhadas pelo território nacional.

Esta ampla distribuição faz dos CFCs um pólo potencial de difusão dos conhecimentos e da cultura de segurança no trânsito, para muito além da formação de condutores. Em um país com números tão preocupantes nesta área – estamos entre os 5 mais violentos no mundo – dispor de uma infraestrutura com salas de aula, equipamentos audiovisuais e mão-de-obra qualificada, é um alento. É um desperdício não utilizar os CFCs para ações educativas que beneficiem todas as pessoas da comunidade.

Porém, muito pouco, ou quase nada, tem sido feito neste aspecto. No geral os CFCs restringem-se à sua missão básica, que é formar condutores.

“O seu CFC está aberto para a comunidade? Abra as portas, convide as pessoas, receba-as com os braços abertos, demonstre os enormes benefícios que a sua “escola de trânsito” proporciona à comunidade e colha os muitos benefícios de ser uma empresa engajada na sociedade”, diz Celso Alves Mariano, Diretor do Portal do Trânsito.

Neste artigo trataremos daquele “algo a mais” que toda autoescola pode fazer. Os motivos para fazer isso? Selecionamos 3, todos muito bons: missão social, marketing eficaz e aprimoramento técnico da equipe técnica. 

Missão Social

As autorizações e protocolos de relacionamento entre os DETRANs e os CFCs não contemplam a expressão “missão social”. Mas qualquer pessoa jurídica ativa no Brasil, movimenta a economia, gera empregos e recolhe impostos. São aspectos minimamente vinculantes do empreendimento com a comunidade onde está inserida. Mas empresas cujas atividades estão ligadas a educação, como é o caso da formação de condutores, cumprem naturalmente um papel social importante, pela natureza de sua atividade-fim. 

Mas convenhamos, por mais modesta que seja a estrutura de um determinado CFC, o potencial educativo ali concentrado daria conta de atender um público muito maior do que a taxa de ocupação média verificada. Abrir as portas para a comunidade, oferecer palestras, oficinas ou aulas especiais para públicos além dos candidatos à primeira habilitação, transformam o CFC em um Centro de Educação para a Mobilidade.

Marketing

Desde há muito, mas especialmente nos últimos anos, a sociedade valoriza as empresas que se mostram engajadas nas questões da comunidade. Especialmente quando a atividade da empresa diz respeito a assuntos caros para as pessoas, como aumentar a segurança das pessoas nas proximidades de suas residências, da escola de seus filhos, do local de trabalho, etc. 

Talvez pela ação em si, mas também pela exposição obtida, vale a pena investir em um projeto deste tipo: a divulgação e a mídia espontânea geradas (as pessoas vão falar do seu CFC, dos instrutores, dos temas das palestras, etc) darão ao seu CFC um espaço que, para “comprar em anúncios”, não sairia barato.

Criar um Programa ou integrar-se a algum em andamento?

Para tomar essa decisão, considere vários fatores, mas principalmente do quanto a equipe do seu CFC sente-se preparada para lidar com novos públicos, e de quanto tempo e recursos você está disposto a investir. 

Há muitos programas e projetos em andamento no Brasil que merecem toda sua atenção, como a Década Mundial de Ação para a Segurança no Trânsito, da ONU/OMS, o PNATRANS, o Maio Amarelo, o Projeto Vida no Trânsito  e a própria Semana Nacional de Trânsito (de 18 a 25/09).

Com alguma regularidade, órgãos municipais e estaduais de trânsito elaboram e implementam campanhas e projetos que, se apoiados, podem ajudar muito na difusão de conhecimento e conscientização dos usuários do trânsito.

Além disso, muitas empresas e instituições do terceiro setor desenvolvem seus próprios projetos educacionais na área, como a Volvo, a Perkons e a Renault, e Institutos como o IST, Criança Segura, Instituto Prevenir, Fundação Thiago Gonzaga, Rua Viva e IPTRAN. Essas ações podem servir como referência ou mesmo o projeto ao qual a sua autoescola vai se juntar.

Participe de algum programa em andamento na sua cidade ou estado. Veja alguns exemplos aqui, aqui e aqui
Conheça alguns exemplo de projetos em escolas: aqui, aqui, aqui e aqui

Mantenha-se atualizado sobre o que acontece neste universo de ações em prol de um trânsito mais humanizado e seguro. O Portal do Trânsito é uma ótima fonte de pesquisa, de conhecimento, de exemplos e de sugestões úteis para os apaixonados pela causa. Prepare um bom guia para a sua palestra. Aprenda com o Portal do Trânsito neste dois artigos: dicas para criar uma palestra de qualidade e crie uma palestra para a SNT.

Quando abrir as portas?

No calendário de eventos do trânsito, há vários momentos propícios: Dia do Instrutor de Trânsito (16/10), Dia do Trânsito (25/09), Dia Mundial Sem Carro (22/09), Dia Mundial em Memória às Vítimas do Trânsito (segundo domingo de novembro), etc. Mas há várias outras datas oportunas: 

Fique atento também às agendas de implementação de mudanças no trânsito no seu bairro, ou na sua cidade, seja por obras ou devido às alterações de sentido de circulação, liberação de acesso a novos trechos ou infraestrutura (semáforos, revitalização da sinalização, viadutos, pontes, etc). “Uma alteração significativa no trânsito pode ser uma bela oportunidade da autoescola prestar um serviço à comunidade, auxiliando o órgão de trânsito a comunicar o que mudou, os cuidados que os usuários devem tomar e mesmo divulgar os benefícios destas modificações”, lembra Mariano.

Muitas vezes é mais eficaz a comunicação de alguém percebido como sendo “da comunidade”, do que do órgão oficial. O CFC pode “emprestar” este crédito para o órgão de trânsito.

Lembrete: toda instituição, pública ou privada, que é sensível ao tema e realiza alguma atividade com este propósito, quase sempre o faz com restrições orçamentárias e dependendo muito da boa vontade e da colaboração de voluntários. Justamente por isso eles estarão receptivos ao apoio que você e o seu CFC possam oferecer.

Nem sempre será necessário, ou conveniente, criar um projeto exclusivo para o seu CFC. Muitas vezes a melhor opção é unir-se a um projeto já existente. Por outro lado, sempre que sua empresa e seus instrutores são protagonistas, os frutos colhidos no ponto de vista do marketing, são mais significativos.

Estabeleça relacionamentos além do seu universo

Muitas instituições podem ser receptivas ao seu projeto. Sugerimos visitar Igrejas, Clubes de Serviço como Lions e Rotary, ONGs, Escolas, Sub-prefeituras, Associações de Moradores, CONSEGs – Conselho de Segurança, destacamentos militares, postos policiais e empresas.

Muitas empresas criam e mantém programas educativos para a segurança, seja através de sua CIPA ou projetos específicos de trânsito, como direção defensiva.

Aqui um belo exemplo de um projeto com Conselho de Segurança, o CONSEG Hugo Lange, de Curitiba/PR. Clique aqui.

Aprimoramento técnico

Manter este nível de atividade, estudar os assuntos de trânsito sobre outras perspectivas – que não apenas a dos futuros condutores – irá criar, naturalmente, um ambiente de estudos e pesquisas mais ativo e enriquecedor no seu CFC. Os novos contatos com pessoas de outras instituições vai trazer conhecimentos, histórias e experiências que serão estimulantes e novas fontes úteis de assuntos normalmente pouco frequentes nas salas de aula da autoescola.

Novas perguntas surgirão e, com elas, novos estímulos para ainda mais pesquisas e estudos. O corpo docente do CFC vai ficar  revigorado neste cenário estimulante. Palestras realizadas dentro e fora do CFC funcionarão como um estímulo para os instrutores se aprimorarem em seus conhecimentos.

Imprensa

Propaganda é a alma do negócio e, muitas vezes, a melhor propaganda é aquela matéria jornalística feita espontaneamente por algum veículo de comunicação na sua cidade que está atento e valoriza ações sociais genuinamente movidas pelo espírito de coletividade. Portanto, não dá para forçar a barra ou fazer de conta: realize ações que realmente levem uma contribuição consistente para a sensibilização de pedestres, ciclistas, condutores e usuários de patinetes.

Finalmente, é importante dizer que qualquer atividade destas vai demandar organização, criatividade e, especialmente, tempo dos proprietários e de funcionários da autoescola. Um bom planejamento e uma avaliação correta dos prós e contras vai ajudar a determinar, com segurança, qual o nível de participação em atividades sociais está ao alcance da sua autoescola.

Uma última observação: convém sempre comunicar ou consultar o Detran antecipadamente, para evitar eventuais desentendimentos ou ações que sejam consideradas irregulares.

E você? O que tem feito neste sentido? Conte aqui nos comentários.
Bom trabalho e sucesso!
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