O exame prático de direção é a última etapa do processo de formação de condutores. Talvez seja o ponto mais temido para quem está em busca da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Três personagens estão totalmente envolvidos nessa etapa: o candidato à 1ª habilitação, o instrutor e o examinador de trânsito. Cada um tem uma função específica nesse exame que irá definir se o aluno tem ou não condições de ir às ruas. E, nesta matéria, falaremos sobre a importância do examinador de trânsito.
De acordo com a Resolução 789/20, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que regulamenta o processo de formação de condutores, são atribuições do examinador de trânsito:
- a) avaliar os conhecimentos e as habilidades dos candidatos e condutores para a condução de veículos automotores;
- b) tratar os candidatos e condutores com urbanidade e respeito;
- c) cumprir as instruções e os horários estabelecidos pelo órgão ou entidade executivo de trânsito dos estados ou do Distrito Federal;
- d) utilizar crachá de identificação com foto, emitido pela autoridade responsável do órgão ou entidade executivos de trânsito dos estados ou do Distrito Federal, quando no exercício da função; e
- e) frequentar cursos de aperfeiçoamento ou de atualização determinados pelo órgão ou entidade executivos de trânsito do estados ou do Distrito Federal.
Conforme Eliane Pietsak, pedagoga e especialista em trânsito, muitos candidatos temem o examinador.
“Isso porque, regra geral, eles são sérios e silenciosos. Muitos candidatos relatam que na hora do exame parecem esquecer tudo o que aprenderam com o instrutor no momento que olham para o examinador: o resultado, muitas vezes, é a reprovação no exame”, explica.
O que se percebe, de acordo com a especialista, é que os candidatos à primeira habilitação, por desconhecerem esses profissionais, por, até então, receberem orientações de um instrutor que dá dicas o tempo todo – afinal, esta é a função do profissional – chegam ao exame e, ao se depararem com uma pessoa séria, que orienta e explica o que deve ser feito e o que será cobrado de forma bastante direta e objetiva, se desestruturam.
“Até um condutor experiente se sente inseguro, que dirá um candidato que está sendo avaliado pela primeira vez!”, cita.
O que o examinador não pode fazer no teste do Detran
Recentemente, o Departamento Estadual de Trânsito de Santa Catarina (Detran/SC) publicou um manual de procedimentos e orientações em relação aos exames realizados no órgão. De acordo com o documento, o examinador de trânsito não pode:
- Induzir o candidato a erro (Ex.: mandar entrar em uma rua que é proibido);
- Pedir as manobras de conversão muito perto do local (procedimento correto é quando o examinador pedir para o candidato convergir à esquerda ou à direita, é o momento do acionamento da seta);
- Pedir para parar em caso de manobra de aclive no rebaixamento do meio-fio (entrada de garagem). O examinador deverá dizer ao candidato para “estacionar no local permitido”, como também, “estacione onde entender ser correto”;
- Interferir no teste de direção com ações, tais como: colocar a mão no volante ou utilizar os pedais de duplo comando, exceto para evitar sinistro, quando então acontecerá a reprovação do candidato.
E o candidato?
O candidato que está tirando a CNH também tem as suas atribuições. A mais importante é demostrar respeito pelo examinador do Detran. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o Detran/RS desenvolveu uma normativa que permite suspender a Licença para Aprendizagem de Direção Veicular (LADV) do candidato que exercer qualquer tipo de agressão aos servidores que exercem essa função. Nesse sentido, a norma prevê a suspensão da LADV por seis meses a partir da data da agressão. Além de o candidato ter que esperar esse período para retomar o processo de habilitação, o examinador poderá representar criminalmente contra ele.
Para finalizar, a especialista destaca que, independente da rigidez, das exigências e cobranças durante os exames que, diga-se de passagem, são regras que não foram os examinadores que criaram, eles merecem respeito.
“Assim como o instrutor prático, esse profissional está exposto a riscos e tensão o tempo todo. Muitas vezes até mais que o instrutor, uma vez que a tensão do exame para o condutor inexperiente pode resultar em um sinistro grave”, conclui.