A dona de casa Sandra Madalena de Souza está tentando tirar a sua primeira carteira de habilitação há pouco mais de um mês. Após as aulas teóricas na autoescola, o processo emperrou nos testes psicológicos exigidos pelo Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) e aplicados por clínicas credenciadas ao órgão. Ela não passou na primeira avaliação e está indignada com o excesso de taxas cobradas para a realização de novos testes e rigor das questões. “Ninguém falou nada dessas novas cobranças. A gente é pego de surpresa com mais uma taxa pra pagar pra fazer tudo de novo os testes”, reclama.
Hoje, o candidato realiza primeiro o teste coletivo e, obrigatoriamente, é inscrito no sistema com a observação “Necessita Nova Avaliação” (NNA), já que ele ainda deve fazer o teste individual. Neste caso, não há nova cobrança de taxa, já que no início do processo paga R$ 132,02. Porém, depois de realizado o teste individual, o psicólogo pode ainda entender que não teve informações suficientes para declarar o candidato apto ou não a dirigir e solicita um novo horário de avaliação, que é cobrado e custa R$ 66,01.
Além das taxas, Sandra também reclama dos testes aplicados pelo Detran no processo para tirar a carteira de habilitação. Segundo a dona de casa, um dos testes é impossível de fazer no prazo determinado pelas clínicas. “Você tem que responder 40 questões em apenas 30 minutos. É muito pouco tempo e tem muita gente reprovando. Só na minha turma da autoescola, mais da metade reprovou no primeiro teste. Tem alguma coisa aí e alguém está ganhando com o dinheiro que a gente paga nesses retestes todos que somos obrigados a fazer”, desabafa.
Para Detran, reprovação é baixa
Segundo a resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), desde 2008 a avaliação psicológica é feita em duas etapas: uma coletiva e outra individual, com aplicação de testes, entrevistas e observação. Para o chefe da Divisão de Medicina e Psicologia do Detran, Gustavo Fartori, os testes ficaram mais exigentes após a mudança na lei, mas o índice de reprovação é considerado baixo. “Antes só existia o psicotécnico. Hoje o exame é mais completo e por isso exige mais dos candidatos. E mesmo assim, consideramos os índices de reprovação muito baixos”, afirma.
Clínicas são fiscalizadas periodicamente
Sobre o interesse das clínicas em realizar mais exames, já que ganham um percentual sobre cada avaliação, Gustavo Fartori, do Detran, conta que fiscalizações periódicas são realizadas para não haver nenhum tipo de irregularidade durante o processo dos testes psicológico. “Estamos sempre fiscalizando o trabalho das clínicas. Além disso, já também está em andamento uma série de mudanças na maneira como são feitas as avaliações psicológicas de candidatos à habilitação. Entre as mudanças está inversão na ordem das avaliações. Hoje temos dois exames desvinculados e dois resultados separados, sendo um deles o Necessita Nova Avaliação. Passaremos a ter um exame em duas etapas, com um só resultado”, explica.
Fonte: Paraná Online