O motor era o mesmo AP 1600 de tantos outros modelos VW, mas com mudanças que permitiam ajustar a injeção eletrônica a qualquer mistura que houvesse no tanque. A peça fundamental era -e continua sendo- a sonda lambda, que “lia” o que estava sendo queimado e adequava o sistema. A história do carro flex teve início há 40 anos, quando o preço do barril de petróleo disparou nos mercados internacionais Da estreia do flex até os dias de hoje, houve evoluções. “As principais mudanças estão nos módulos que gerenciam o funcionamento do motor. Os softwares se tornaram mais eficazes e rápidos nas leituras dos sensores e nos comandos para dosar o combustível e controlar a queima”, diz Henrique Pereira, membro da comissão de motores de ciclo Otto da SAE Brasil (sociedade de engenheiros). “Todas essas evoluções contribuíram para um menor consumo de combustível, mais potência e melhor taxa de compressão”, acrescenta João Irineu Medeiros, diretor de desenvolvimento da FPT (Fiat Powertrain). Apesar dos avanços, os consumidores continuam ouvindo conselhos duvidosos em postos e concessionárias sobre o sistema flex.
A lenda mais comum, segundo especialistas, é que a gasolina deve ser escolhida no primeiro abastecimento para evitar problemas futuros de partida. “Isso é mito. Todo o conjunto de injeção eletrônica está preparado para funcionar com qualquer variação entre gasolina e etanol”, afirma Ricardo Dilser, assessor técnico da Fiat. Segundo Antonio Alexandre Ferreira Correia, consultor de tecnologia da Petrobras Distribuidora, não é preciso alternar os dois combustíveis de tempos em tempos. “Não há necessidade disso, o motorista pode usar o combustível que quiser”.
Especialistas dizem que não há mistério na escolha do combustível. Como o etanol tem rendimento inferior à gasolina, tem de custar, no máximo, 70% do valor dela. Basta multiplicar o valor do litro da gasolina por 0,7. Se o resultado for maior que o valor do litro de etanol, é vantajoso usá-lo. Se for menor, recomenda-se abastecer com gasolina. Apesar do incentivo do governo e das montadoras ao uso do etanol, muitos motoristas ainda desconfiam desse combustível. Como é mais corrosivo que a gasolina, tem fama de diminuir a vida útil do motor. “É outro mito. As peças de modelos flex são preparadas para suportar a ação do etanol, mesmo que ele seja o único combustível usado”, garante Ricardo Dilser, consultor da Fiat. João Irineu Medeiros, diretor de desenvolvimento da FPT, acrescenta que “os testes de durabilidade das montadoras são feitos com os dois combustíveis”.
Fonte: Jornal Floripa