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21 de novembro de 2024

Carona solidária é alternativa para usuário do transporte público


Por Mariana Czerwonka Publicado 19/03/2014 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h16
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Carona solidária no BrasilCEO de site de carona afirma que apenas 50% dos usuários cadastrados possuem carros. Foto: Shutterstock

Especialista da Perkons afirma que a medida sozinha não é solução para mobilidade

Em tempos em que as pessoas precisam enfrentar diariamente trânsito parado e demora para chegar ao trabalho ou à escola, faz-se necessário procurar opções que resultem em menos carros nas ruas. A carona solidária, no inglês carpooling, é uma alternativa, na prática, ainda pouco atrativa para muitos. No geral, as pessoas se mobilizam e procuram as caronas em momentos pontuais, como por exemplo, uma greve no transporte coletivo, a dificuldade em encontrar um táxi rapidamente, ou por um problema mecânico no seu veículo.

A carona solidária seria uma medida para estimular o uso do automóvel por mais de um passageiro, o que contribuiria para a diminuição do tráfego e do volume de poluentes veiculares, mas tem atraído também usuários do transporte de massa segundo a especialista em trânsito da Perkons, Idaura Lobo Dias.

Ela avalia que a medida pode tirar passageiros do transporte público e diminuir a lotação, mas não necessariamente irá contribuir para reduzir o número de veículos das ruas. Por isso, a medida não é uma solução para a melhoria das condições de mobilidade isoladamente, e sim uma alternativa junto a outras. “Mostra-se mais efetiva quando estimulada nos entornos de grandes polos geradores de tráfego – como instituições de ensino, estádios de futebol e grandes empresas -, principalmente nas horas pico, concentradas nos horários de ida e retorno”, afirma.

Entre os motivos para muitos não aderirem à carona estão fatores como segurança, cultura e a participação de instituições e do governo. De acordo com Idaura, o envolvimento das instituições que são polos geradores de tráfego e seu papel no levantamento de cadastro de endereços de colaboradores e adoção de mecanismos para organizar as rotas e propor a adesão são fundamentais. “Para estimular a participação, as instituições podem estabelecer vagas especiais no estacionamento ou outros incentivos. Os órgãos gestores do trânsito podem favorecer o carpooling, destinando faixas de tráfego para quem tiver mais de um passageiro no veículo”, sugere.

A especialista destaca que a adoção da carona solidária requer adaptação e concessões do motorista e passageiro. “É importante que os participantes estejam conscientes quanto ao compromisso com o horário, à predisposição a realizar eventuais desvios de rotas ou de caminhar até um local combinado, que favoreça o trajeto de ambos, e quanto aos comportamentos apropriados – como direção segura, higiene, escolha da música e som alto, zelando pela boa convivência”, aconselha. Outra recomendação é buscar referências sobre demais participantes e estabelecer um acordo, ainda que verbal, de como funcionará a carona.

O que diz a lei

A prática não pode ser cobrada, visto que a condução remunerada é restrita a quem tem permissão para transportar passageiros, conforme artigo 135 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Além disso, o condutor deve ter a informação de que exerce atividade remunerada com veículo incluída na sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH), segundo artigo 147, § 5° do código. Ao realizar o transporte remunerado de pessoas sem a devida licença para esse fim, o condutor infringe o artigo 231, VIII do CTB. A infração é média, punida com multa de R$ 85,13 e 4 pontos na CNH, e o veículo pode ser retido.

Sites especializados em carona solidária prezam pela segurança

Existem sites que promovem com segurança o contato entre os interessados na carona. Se não houvesse um site seguro, o publicitário Paulo Wolf, que há cerca de dois anos dá carona para duas pessoas que residem próximas à sua casa, não seria adepto da prática. “É uma maneira de me tornar útil para pessoas que moram perto e fazem exatamente o mesmo trajeto que eu. Além disso, num trânsito parado é menos estressante ir de um local a outro batendo papo”, diz.

O site utilizado por Paulo é o www.eco-carroagem.com.br, que funciona gratuitamente. O criador do projeto, Michel Mazard, explica que é feito um cadastro rigoroso para garantir a segurança das caronas. O primeiro passo é fazer a inscrição, que será liberada pelo superior imediato da empresa que o futuro cadastrado trabalha, pelo fato de conhecê-lo. “95% dos cadastrados trabalham. Foi a maneira que encontramos para dar segurança a quem pertence à comunidade. Após a terceira reclamação de um mesmo usuário, o site retira-o dos registros”, explica.

O site www.caronetas.com.br, com proposta semelhante, desenvolveu um sistema de milhagem como incentivo à prática. O usuário utiliza as milhas para dar ou receber carona. Os pontos acumulados pelo motorista podem ser trocados por produtos ou serviços, ou mesmo carregados num cartão de crédito.

O CEO do Caronetas, Marcio Nigro, avalia que entre os usuários do site há todos os tipos de pessoa. “50% dos usuários possuem carro. Há aqueles que se inscrevem para ter uma companhia e, dessa forma, se sentem mais seguros, e há outros que procuram sair do transporte público”, acrescenta.

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