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Bolsonaro volta a defender retirada dos radares em rodovias federais


Por Mariana Czerwonka Publicado 07/05/2019 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 22h04
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Radar na rodoviaBolsonaro reafirmou que quando expirar o prazo do contrato dos radares já instalados, estes não serão renovados. Foto: Arquivo Tecnodata.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a defender a retirada dos radares em rodovias, em entrevista transmitida no domingo (05) no Programa Silvio Santos, do SBT. O presidente não citou nenhum estudo técnico diferente do que cobrou a justiça há um mês. A 5ª Vara Cível de Brasília determinou que o governo federal “se abstenha de retirar radares das rodovias” e cobrou estudos que embasem o fim da instalação de novos medidores.

Como justificativa o presidente utilizou o argumento de devolver ao povo brasileiro “o prazer em dirigir”.

“Eu quero que o povo brasileiro tenha prazer em dirigir”, disse o Presidente.

Além de citar, novamente, que engavetou a solicitação de mais de 8 mil radares nas rodovias federais, Bolsonaro reafirmou que quando expirar o prazo do contrato dos radares já instalados, estes não serão renovados. “Tinha 8 mil pedidos de novos radares para o Brasil. Nós engavetamos, não vai ter. As rodovias federais que tem radares instalados quando expirar o prazo do contrato, não vamos renovar“, reiterou Bolsonaro.

O presidente citou ainda dados de acidentes em rodovias federais no último feriado e disse que houve queda no número de mortes.  Porém, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os resultados se devem ao reforço concentrado na fiscalização e em ações de combate à criminalidade e prevenção de acidentes graves, com distribuição de agentes em trechos onde, de acordo com estatísticas existe maior incidência de imprudência por parte dos condutores ou maior registro de acidentes.

Opinião

Para Celso Alves Mariano, especialista em trânsito e diretor do Portal, a segurança, no trânsito, está atrelada a fiscalização.

“É preciso separa o joio do trigo: fiscalização feita sob intenções arrecadatórios, sem critérios técnicos, é que é ruim. É fundamental lembrar que segurança é um direito do cidadão que, justamente, é protegido pela fiscalização. E é obrigação do estado garantir este ambiente seguro no trânsito. Não vai ser desligando todo o aparato de fiscalização de velocidade que garantirá isso. Mas rever o que está mal feito, otimizar os recursos disponíveis, eliminar distorções, é sim importantíssimo”, fundamenta Mariano.

Outros especialistas também já se declararam contra a medida. Foi o caso de Mércia Gomes, que é advogada especialista em legislação de trânsito. Em texto escrito no Portal do Trânsito, ela afirmou que números divulgados por órgãos fiscalizadores, mostram a diminuição de acidentes e mortes após o uso do sistema de fiscalização eletrônica.

“Como especialista na área, observo que o presidente Bolsonaro faz declarações populistas sem o menor amparo técnico, estudo especifico, deixando todos os profissionais temerosos, porque, provavelmente, a quantidade de acidentes vai aumentar. Quando falamos de um fluxo de via rápida, como é o caso de uma rodovia, quanto maior a velocidade, os acidentes tendem a ser cada vez mais frequentes e graves. A consequência disso são vidas perdidas”, analisa a advogada.

Para Márcia Pontes, especialista em direito de trânsito, que trabalha com condutas preventivas nesse ambiente, disse em entrevista ao Portal do Trânsito que essa declaração deve ser repensada urgentemente. “A gente sabe que os redutores de velocidade, são fundamentais principalmente em trechos críticos de rodovias e até dentro das cidades, onde motoristas abusam da velocidade. Quanto maior a velocidade, maior a gravidade das lesões, maior a ocorrência de óbitos”, aponta.

A educadora deu, ainda, uma sugestão ao presidente. “O presidente deve rever esse posicionamento. Que verifique se esses equipamentos têm estudo técnico assinado por engenheiro de tráfego. Faça uma revisão dos estudos de engenharia de tráfego, mas simplesmente eliminar não. A velocidade é uma epidemia, é uma doença. Você quer acabar com a doença, matando o doente? Matando aquele que acelera? Matando as vítimas dele? Ou a gente quer curar a doença com o remédio certo ou a gente quer matar o paciente. Isso não vai resolver”, conclui Pontes.

 

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