22 de dezembro de 2024

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nossos sites, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar o Portal do Trânsito, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

22 de dezembro de 2024

Pós-Covid19: a mobilidade urbana e o serviço de Carsharing


Por José Nachreiner Junior Publicado 20/07/2020 às 17h41 Atualizado 02/11/2022 às 20h02
Ouvir: 00:00

Com a pandemia, muitas pessoas estão se reinventando principalmente na forma de se locomover. José Nachreiner explica a ideia do compartilhamento de veículos. Leia!

Foto: Divulgação.

Estamos no final da segunda década do século XXI e se você tem mais de 30 anos vai se lembrar que frequentou muitas locadoras de vídeos e DVD’s quando criança, adolescente e adulto.  A lista das tecnologias do início do milênio que foram substituídas ou simplesmente extintas é extensa como a rede social Orkut, videogames que estreavam a plataforma Playstation, o famoso bug do milênio que nunca aconteceu no final do ano de 2000, o jogo The Sims para PC, telefones celulares alfa digitais, a aposentadoria da máquina de escrever elétrica e centenas de outras mudanças tecnológicas e novas invenções ocuparam o lugar deste cotidiano que raramente deixa saudades.

Entre as grandes mudanças que as novas tecnologias proporcionaram às sociedades, nesta última década, está a economia compartilhada responsável por substituir as operações de muitas empresas tradicionais e que representa uma verdadeira revolução no mundo dos negócios.  A velocidade das mudanças tecnológicas é cada vez maior em todos os segmentos de mercado e a partir de agora estamos presenciando novas mudanças provocadas pelo desastre sanitário da Covid-19, a doença que nos pegou de surpresa, sem remédios e vacinas até o presente momento.

Iniciativas do mercado compartilhado se popularizam em uma velocidade sem precedentes na última década como as plataformas on demand com tecnologia de streaming a exemplo da Netflix, Amazon e Apple, responsáveis diretas pela extinção das locadoras de vídeo. O Airbnb é uma plataforma onde proprietários de imóveis ao redor do mundo se cadastram para locação aos interessados e que, certamente, diminuiu o mercado de hotéis e pousadas. Os aplicativos Uber, Cabify e 99, praticamente, extinguiram o mercado de táxi particular. São exemplos de aplicativos de sucesso entre os usuários os quais focam nas principais características do momento econômico global, compartilhando filmes, imóveis, carros, redes sociais com muita experiência e tecnologia.

A economia compartilhada é um novo sistema social e econômico que fez as pessoas pararem de comprar CDs para ouvir música online em plataformas como o Deezer e o Spotify, dirigir um carro compartilhado e ser guiado de forma geoespacial. Um exemplo de sucesso de economia compartilhada em um próprio aplicativo é o Waze, comprado pela Google, que é um aplicativo de GPS que utiliza dados e alertas de tráfego compartilhados pelos usuários em tempo real, para sugerir os melhores trajetos.

Com a pandemia, muitas pessoas aprenderam a reduzir custos com o uso do próprio carro ou venderam para se locomoverem com veículos de aplicativos, bicicletas e patinetes elétricos.

Para a escritora britânica, especialista em colaboração no consumo digital, Rachel Botsman, a economia pode comportar três modelos de compartilhamento de sistemas:  os mercados de redistribuição, que remanejam itens que não estão sendo usados como o modelo de marketplace, a exemplo do site Enjoei; o estilo de vida colaborativo que reúne comunidades com o objetivo de trocas de serviços, espaços ou tempo como os coworkings; e sistemas de acesso a produtos e serviços, onde o usuário paga para acessar o produto ou serviço por tempo determinado como as plataformas de aluguéis de imóveis como o Airbnb, serviços de aluguel de carros em plataformas de carsharing, bicicletas e patinetes.

Com a catástrofe sanitária mundial da Covid-19 as pessoas das grandes cidades passaram a optar cada vez mais por trajetos mais curtos, utilizando menos veículos, menos transporte urbano.  Tudo será redimensionado pelas empresas que viram na pandemia a oportunidade de enxugarem seus custos por meio do trabalho remoto dos seus colaboradores.

Carsharing: uma tendência que ajuda melhorar o trânsito nas cidades.

Se você é habilitado, não tem carro ou não tem interesse em comprar um automóvel porque sabe que se deslocar por meio de veículos de aplicativos é mais econômico e deseja a privacidade de um carro próprio, o caminho pode ser o carsharing.  Um modelo de compartilhamento de carros de aluguel, uma tendência que pode melhorar o trânsito nas grandes cidades.

O usuário deste aplicativo pode contratar este serviço pelo celular e utilizar o veículo que escolheu apenas pelo tempo que achar necessário e depois devolvê-lo em um lugar predeterminado.  O principal benefício para as grandes cidades é a diminuição da frota de veículos circulando pelas vias do centro da cidade e a redução da ocupação dos espaços públicos.

Na prática, este mercado funciona hoje de duas formas:  o roundtrip no qual o usuário pega o veículo em um ponto e depois de usá-lo deixa no mesmo ponto; e o one-way, que permite o cliente do aplicativo de carsharing deixe o automóvel em qualquer ponto disponível.  Neste modelo de mercado a frota pode ser da própria empresa que administra o serviço ou então compartilhada, diretamente, entre os usuários: quem tem um veículo o qual não esteja usando cede por algumas horas para quem precisa dele, por um valor de aluguel.

Luiz BoniniLuiz Bonini, Chief Growth Officer da Turbi, SP. Foto: Arquivo Pessoal.

Luiz Bonini é Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Turbi, uma empresa de carsharing que é líder de mercado na América Latina.  Para Luiz Bonini, “o Brasil é um mercado novo com um grande potencial.  O carro é um artigo caro, hoje há uma frota de, praticamente, 50 milhões de carros no Brasil.  Quem compra um carro tem que arcar com despesas fixas como seguro, IPVA, manutenção, estacionamento e quando deseja vender o veículo, assume a depreciação de 20 a 25% no ano.

Fizemos agora uma pesquisa qualitativa com nossos clientes, durante a  quarentena, que demonstrou que  50% dos usuários da nossa base que já possuem carro, a metade, 25%,  tem interesse em vender seu automóvel após a pandemia.   As pesquisas também indicaram que a maioria dos nossos clientes estão trabalhando em home office e querem se desfazer dos automóveis que não usam ou usam muito pouco, cerca de 17 km, por dia.  As pessoas estão se deslocando pouco e muito menos de carro.

O carro compartilhado é um meio seguro de mobilidade urbana onde você não precisa falar com ninguém, não é um processo de balcão como uma locadora. 40% dos clientes usaram a Turbi para ir ao mercado, como meio mais seguro contra o vírus.  Hoje,  a Turbi tem 800 carros na frota só na grande São Paulo.

Na china, só um player, a EvCard tem 350 mil carros. Moscou já tem uma frota de 35 mil carros de carsharing, a Europa e os EUA  tem centenas de milhares de carros fazem parte deste segmento de economia compartilhada.

Nosso procedimento é realizado totalmente pelo aplicativo e o cliente desbloqueia o carro com o próprio celular.  A lógica desta modalidade é não ter dinheiro parado. O usuário escolhe o carro que deseja para se deslocar até a praia e aluga um SUV, quer visitar um amigo, loca um Minicooper, o cliente escolhe o modelo.   A partir de 10 km, a utilização do carsharing é muito vantajosa.

Cerca de 40% dos clientes usam o carro para o cotidiano, mercado, cartório, lojas, shoppings, depois lazer e viagem a trabalho.  Nós, da Turbi, estamos atentos a tendência de longo prazo para ter uma frota de carros autônomos.  Vai ser muito interessante o cliente poder locar um carro autônomo por meio de aplicativo, tal como faz com o Uber, busca o usuário para fazer sua rota e o veículo será devolvido, automaticamente, retornando à base para uma próxima viagem.  Nos nossos planos futuros estão a aquisição de uma frota de carros elétricos e depois os autônomos elétricos”, conclui Bonini.

O principal atrativo é a conveniência

Em 2017 havia 100 mil usuários que participavam da economia de carros compartilhados no Brasil.  A primeira empresa a entrar neste segmento de mercado com uma frota de 130 carros, a Zazcar, que adotou o modelo roundtrip, e, recentemente, vendida.  Porém outras surgiram e colocam a disposição do público os carros compartilhados em estacionamentos privados, 24 horas por dia, espalhados pela cidade para facilitar o acesso dos usuários.

Vancouver, no Canadá, é considerada uma das cidades com maior quantidade de carros compartilhados per capita no mundo e mostra que 95% dos usuários preferem a conveniência como principal motivo para usar esta modalidade de economia compartilhada, sem deixar de lado os atrativos financeiros e a preocupação com o meio ambiente.

A economia compartilhada e os aplicativos estão transformando radicalmente a maneira como os seres humanos vivem.  As pessoas mudaram a forma de comunicar, produzir, consumir, se relacionar e se informar.  Ambientes construídos por meio de tecnologias estão presentes em todos os momentos da vida.

Nas cidades mais avançadas do mundo, os shoppings se tornaram dispensáveis, afinal, com um simples toque no smartphone, você compra o que desejar.  A tecnologia de ponta transforma smartphones em aparelhos essenciais para a rotina das pessoas executando praticamente tudo: abrir um veículo de carsharing, realizar operações bancárias, abrir a cortina da sala, ligar equipamentos eletroeletrônicos, pedir comida, jogar videogame, estudar, trabalhar.  A maioria das operações são realizadas por meio de aplicativos disponíveis. A economia compartilhada é realidade e seu principal atrativo é a conveniência.

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *