Condutora imprudente afronta jovem idoso (qual o seu ponto de vista?)
Meu quartel general fica no bairro Espírito Santo, mas labuto no dito Menino Deus.
Coincidência divina ou acaso?…(bem, apesar de toda aparência irônica cristã, isso não é piada; é a realidade)
E mesmo cercado por um mundo armado e enfurecido, no percurso da casa ao trabalho uso alguma das diversas modalidades de locomoção disponíveis na minha cidade…(ao invés do que seria sensato: um veículo de guerra)
O ônibus, a lotação ou o automóvel?! (ainda faltam as pertinentes esperanças de um dia vir a utilizar a “bike” e a “caminhada”)
Tudo de forma comedida, aconchegando-se ao “quase perfeito demais” para ser verdade. (vejam que sou brindado urbanamente não da desacompanhada solução para as questões de mobilidade, e sim deste leque – não pleno bem sei – de alternativas. Uma lástima este direito não ser desfrutado por todos)
OBS: a autoria da privação do ambiente mais digno, agradável e sustentável na minha cidade decorre em última análise não daquele “parasita alienígena”, e sim de gestão pública não qualificada e da familiar corrupção interna. (constituindo um notável derrame de irresponsabilidades sociais)
Mas por acaso – dando rédea solta a minha fantasia -, se o “prefeito” decretasse primazia ao meu favoritismo, em termos gerais a lotação seria a candidata mais forte. (as opções foram organizadas por razões de relevância individuais)
…é que toda a noção sobre o assunto está ligeiramente “mal concebida” tornando difícil decidir o que seria mais satisfatório. (então fico nos braços carinhosos da situação, neste mundo onde a fronteira entre o individualismo e o coletivo desapareceu)
Quando “peregrino” sem direção certa pela cidade no horário de “pico” nem penso em utilizar o ônibus…e os motivos são inúmeros:
– algumas “linhas” dispõem de horários deficitários. (os motivos caso atreva buscar informação, serão sinônimos de “embate”)
– a “comodidade” dos assentos não é tão amigável, permitindo em certas situações que a tolerância saia pela culatra. (uma constante batalha entre os partidários da novidade e os defensores do que é velho)
– os “odores” internos do coletivo por vezes provocam experiências de arrepiar. (misto entre a excitação repulsiva e a antipatia desrespeitosa)
– a existência das áreas de “competição feroz” nos corredores – entre espécies humanas libertinas -, para ver quem fica no melhor espaço do veículo. (legítimos envenenadores do “chafariz da ética”)
– e mais algumas atitudes certamente perigosas ao bem estar público. (para entender por que isso é tão assustador, seria preciso examinar mais de perto justamente para tapar esta lacuna)
Mas dois dias na semana e nos fins de semana escolho o “sem gosto de futuro”…sim, recorro ao automóvel – aquele moderno elefante branco poluidor. (capitaneado por quem gentilmente oportuniza aos tirânicos “desejos” o controle da situação)
Bem sabemos que a locomoção através do automóvel não é uma decisão sensata…(suas consequências urbanas e ambientais falam por si)
E mesmo assim tentamos acobertar algo muito mais pernicioso do que aparenta, tão somente para vestir o personagem do “surpreendentemente ético”…(mas isto não passa de interesse individualista é óbvio, sendo cabível apenas em algum teatro de fantasias, onde nunca se faz o que se diz)
Representamos nesta fachada mentirosa com o colorido pano de fundo da vergonha, seguindo a mostrar o simples desprezo medroso pela verdade existente…e continuamos a vagar motorizados pela triste cidade, ornamentada de pedra e asfalto. (exemplo do “insano” que passa por “cidadão”)
OBS: diz um ditado que todo mundo tem medo de não ter privilégios. (mas a verdade é que para muitos o automóvel não é uma necessidade desnecessária)
Sabemos que devemos melhorar as opções de escolhas para locomoção, mas como melhorar algo que não existe? As nossas opções urbanas de locomoção são modestas assim como os projetos de melhoramento continuam enigmáticos. Os argumentos dos gestores responsáveis ainda permanecem estáticos, pois são baseados em padrões abstratos adquirindo a forma de algo descartado e esquecido. (é mais uma confirmação importante de que a maioria dos cidadãos prefere que não ocorram profundas mudanças para evitar certas “dores de cabeça”)
E a lotação hein?
– Bem, a lotação é rápida, mais confortável que o ônibus e além dos casos já citados, liberta o cidadão do dever de “prestar a atenção” no abominável trânsito. (procedimento impraticável quando estamos no volante).
Mas desejo mencionar aquele imortalizado constrangimento social confessando:
– Hoje utilizei o carro…(andei um bom prazo egoisticamente a poluir minha querida cidade)
Se fosse possível eliminar os demais veículos tudo seria maravilhoso, pois o percurso é cheio de visuais acolhedores…acolhedores à memória da longínqua adolescência…(morei muito tempo na região)
Uma beleza bem humorada que ainda me encanta!
Mas o que ocorreu creio ser pelo menos pitoresco.
Ao parar no semáforo determinada “pick-up” – marca Jeep – estacionou vizinha ao lado, escancarando profunda antipatia…e sem autorização de imediato começou a “ronronar” seu exuberante motor. (cumprindo talentosamente o papel provocador do “sem juízo”)
Mas sem deixar-me sucumbir às tentações pelo infortúnio, passei a herdar múltiplas e quase infinitas leituras íntimas.(…ciúmes, condenação, análise, desgosto e outros sentimentos dignos do “umbral” que não gostaria de relatar)
Apesar de estar esbanjando elegância a “pick-up” fiel a sua conduta rebelde incorporava um verdadeiro desperdício ecológico, desgastando o “verniz” do “bom senso”.
E como se não bastasse a “condutora” do veículo expectorando pouca formação urbana articulava um “banal papeado” no celular.(falo dos exemplos ruins, pois tenho consideração pelos bons)
Para muitos apesar do tímido progresso, a cidadania ainda habita exclusivamente no íntimo do “campo das ideias” e sua consumação costuma ser no mínimo aborrecida. (sabemos que as mudanças profundas são lentas e que existem sim pessoas produzindo transformações. Mas se você não quer fazer nada, ótimo… Nem a roupa íntima troque)
Mas cobicei visitar riscos inovadores e por mais “tosco” que você julgue, prontamente fiz a “indicação visual” desaprovando o procedimento desta condutora…(tudo executado “olho no olho”)
E de forma presunçosa, egocêntrica e exibicionista – narrando alguns adjetivos mais leves -, “a dama” de imediato baixou o vidro elétrico e com alto e bom som – tipo o palestrante amador -, mandou “eu” tomar…(não um suco refrescante, mas bem lá)
Fechou o vidro e saiu avenida afora como aquela espécie de “sem competência” errante.
Como aquilo tampouco parecesse iminente que fosse acontecer, fiquei ali…adormecido em um lindo sonho amargo.
Acordei quando ouvi o motorista de trás buzinar. (“eu” acabara de provocar um agigantado congestionamento).
Fiquei meditativo e bastante chateado, pois há muito tempo meus ouvidos – já decrépitos de escutar na juventude distante, “rock” em volume estrondoso -, não se deparavam com aquela linguística medieval de 5ª categoria.
A pergunta que ficou açoitando a mente foi “porquê”?…(a equação não estava completa)
…- Será que a “condutora” queria vingança, pois não havia dado atenção emocional a ela?
…- Estaria então a “madama” exercitando sua raiva ao invés de direcioná-la ao marido, namorado, amante ou qualquer outro adjetivo vinculado ao acasalamento?
…- Ou simplesmente estava descontente com as diárias atribulações envolvendo os estimados políticos?
OBS: Mas ficar enraivecida com quem nos representa – quando estes senhores não cumprem as suas responsabilidades -, é contraditório, pois nós os cidadãos não cumprimos esta simples regra…que é não falar no celular ao dirigir?
Os políticos são nosso espelho. (isso todos sabemos e não adianta fingir que eles não o são – ou, o que é comum, se livrar desta realidade pela via da expulsão… Fazendo de conta que não os escolhemos).
Como exigir conduta política se individualmente não cumprimos adequadamente regras coletivas? (certos governantes criam ações a nossa imagem e semelhança)
Alguns dirão que estou equiparando “roubo” de bilhões com “falar no celular ao dirigir”…mas oportunizo o desapontamento dizendo que “estou”.
É a corriqueira lei da consequência onde o “desrespeito” não se mensura em metros, quilos, minutos ou centavos. (o desrespeito é por si, único. Ele é o desrespeito… Pronto!)
E não adianta ficar acalmando o desespero ou ofertando-se um perdão colorido. (escolha parar de se fazer de míope as normas)
Por mais que haja esforço para fechar os olhos a essas atitudes é pouco provável que elas desapareçam, pois somos cidadãos polêmicos e teimosos que escolhem na maioria das situações a indiferença ou a neutralidade.
Tingimos os interesses sociais com coloração individualista e seguimos a nos dizer o que queremos ouvir. (com certeza qualquer dramaturgo teria alguma coisa a aprender sobre nossa ironia neste procedimento)
Não são raros todos sabemos, mas não há mais razão para o “garotinho endiabrado” dentro de cada um continuar a fugir…
E por mais intenso que nosso progresso tenha sido, precisamos continuar inteiramente honestos com nós mesmos e reconhecer que só descobrimos uma minúscula fração do que há para saber sobre o conviver em sociedade. (devemos abdicar desse extremo isolamento mental e desta indiferença social que insiste em reinar em cada um)
Que possamos desocupar a “zona de penumbra” existente entre o “sem educação” e o típico “mal educado”…para que a ética com sua “aura”, faça a escuridão da “imprudência” dar nem que seja, um pequeno passo atrás.
OBS: por vezes creio não encontrar “lugar” para o que escrevo, pois vivo em um Brasil que não está aqui. (é como ser advogado em um país sem lei)
…mas continuarei investindo meu tempo e energia nos textos que componho, mesmo que disfarçam significar, “pedras e paus” contra “fogo de mísseis”.