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A culpa do atropelado


Por Celso Mariano Publicado 25/06/2008 às 03h00
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Normalmente, só amigos, colegas de trabalho e familiares ficam sabendo se você entrou para a lista de vítimas da violência do trânsito. Ao contrário do que aconteceria se você estivesse em um avião que caiu. Seu nome seria publicado e citado em inúmeros noticiários e boletins.Afinal, morrer nestas condições é mesmo muito, digamos, especial.

Já ser vítima no trânsito é coisa banal. Todos os dias, o trânsito brasileiro mata pelo menos 100 brasileiros (números oficiais). Mas o número real pode ser muito maior. Em 2.000 o professor Mauri Panitz da PUC-RS já calculava em mais de 80 mil por ano, o que dá uns 200 velórios por dia! Alguém aí já pensou em abrir uma Funerária Temática? Não faltariam clientes.

Apesar do número incrível de vítimas – e olha que eu não estou citando os milhares de feridos – pouco ou nada sabemos destas pessoas, ou sobre maiores detalhes de suas tristes histórias. Quando algum caso se destaca é porque tem mesmo algo de inédito. É o caso do administrador H.S., curitibano que amargou na justiça as custas do processo que movia contra seu atropelador. Houve muita repercussão do caso. Ontem, em entrevista no rádio , tive a oportunidade de conversar com jornalistas sobre a responsabilidades, direitos e deveres de cada um de nós, no ambiente trânsito. E, principalmente, sobre as soluções que teimamos em não aplicar para humanizar nosso tão atrapalhado e violento trânsito brasileiro.

A conversa se estendeu e acabei por não expressar minha opinião sobre o caso específico em questão. Não conheço o senhor H.S., nem os detalhes do seu acidente. Espero, sinceramente, que não tenha havido nenhum tipo de injustiça. Principalmente daquelas maldades ocasionadas por armadilhas técnicas, que massacram os que não dominam conhecimentos específicos sobre determinada área ou arte – outro tipo de violência contra o cidadão, tão abominável quanto a violência do trânsito. Tomara que os veículos de comunicação assumam cada vez mais seu importante e indispensável papel para mudar nossas vergonhosas estatísticas nesta área.

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