Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nossos sites, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar o Portal do Trânsito, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

07 de setembro de 2024

Cai o número de mortes em rodovias em 2014. O que temos a comemorar?


Por Mariana Czerwonka Publicado 11/02/2015 às 02h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h33
Ouvir: 00:00

Número de mortes em rodoviasPelo quarto ano consecutivo, segundo a Polícia Rodoviária Federal, caiu o número de acidentes, feridos e mortes nas rodovias do País. Em 2014, os acidentes diminuíram de 186.698, registrados em 2013, para 168.593, queda de 9,6%. Nos casos de acidentes com óbito no local, a diminuição apurada chegou a 2,3%. Em valores absolutos, 2014 terminou o ano com 100.396 acidentes envolvendo feridos, em comparação a 103.752 em 2013. Em termos de acidentes com registro de óbito, houve 8.227 casos em 2014 contra 8.425 em 2013.

Sim, realmente houve uma queda, mas os números ainda são muito altos. Não acho que o Brasil tenha acertado o caminho das pedras. Existem iniciativas pontuais que querendo ou não refletem nos números, como por exemplo, a entrada em vigor da Lei Seca e o aumento no valor das multas por ultrapassagens irregulares, mas, essa redução não poderia ser bem maior? Sim, e aí entram outros elementos que devem ser analisados.

A PRF informou, em entrevista coletiva, que a maioria dos acidentes está relacionada à falta de obediência às leis de trânsito. Das ocorrências que resultaram em mortes, por exemplo, a falta de atenção correspondeu a 32% do total dos casos, enquanto a velocidade incompatível com as normas de segurança nas estradas correspondeu a 20% dos casos. As ultrapassagens indevidas foram apontadas como causa em 12% dos casos.

Sim, realmente o comportamento do condutor é fator determinante em caso de acidente, mas é só isso? Não. E é aí que devemos questionar. O brasileiro é, por cultura, um povo muito passivo, não acostumado a refletir sobre os acontecimentos. Devemos parar para pensar. Na própria entrevista, a Polícia Rodoviária Federal admitiu que  a maior parte das rodovias federais tem pista simples, o que agrava o risco de acidente. Segundo a PRF, mais de 95% das rodovias federais brasileiras são de pista simples. O DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) têm trabalhado para, nesses trechos mais críticos, duplicar rodovias ou, pelo menos, criar a terceira faixa. E, desse modo, minimizar as mortes.

Aí é o ponto. É nosso direito contarmos com estradas seguras e a prova de mau comportamento. Explico, pois num acidente por ultrapassagem irregular, há dois lados, aquele que desrespeitou a lei, e o outro que estava consciente na sua pista, andando em velocidade compatível, que não bebeu, e por infelicidade, foi vítima do desrespeito do outro condutor e de uma via que não proporcionava a segurança que todos merecem. Você conseguiu me entender? As nossas vias tem que ser feitas à prova da irresponsabilidade dos condutores. Se não, muitos daqueles que respeitam as leis, ainda vão morrer, seja por falta de conscientização da população, seja por descaso com a situação das rodovias brasileiras.

No nosso Facebook, recebemos um texto de Elísio Gomes Filho – Presidente da Associação Brasileira de Parentes e Amigos das Vítimas de Acidentes em Rodovias Federais(APAVARF) que questiona exatamente isso. Segundo ele, “a omissão governamental compõem uma das principais gêneses na tragédia do trânsito rodoviário. Infelizmente a conscientização da sociedade e da grande mídia no Brasil, ainda não é uma poderosa aliada para mudar o atual quadro aterrador: centenas de mortos e feridos graves ocorrem ano após ano, por conta das rodovias obsoletas, congestionadas e perigosas! Portanto, adianta ainda falar no que representa as obsoletas rodovias de pista simples, como uma espécie de manto da morte, levando centenas de vidas todos os anos, em colisões frontais? Há alguma autoridade brasileira que se compadeça dessa tragédia nacional que atinge tantas famílias? Se há, onde está?”.

Essa é a questão, esse é o ponto. A educação realmente é uma poderosa ferramenta para mudarmos essa cultura- ou comportamento- do brasileiro de desrespeito à lei. Mas devemos ponderar que todos devem fazer a sua parte, inclusive nossos órgãos governamentais. A segurança no trânsito só se faz com o tripé: educação, fiscalização e engenharia, quer dizer, a população deve receber educação, as leis precisam ser fiscalizadas e as vias têm que ser seguras. Se um desses lados não estiver funcionando, nunca teremos uma efetiva mudança na situação atual do nosso trânsito. Até o próximo post!

Receba as mais lidas da semana por e-mail

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *