Transporte público: o sistema circulatório do organismo urbano
Que tipos de “angioplastias urbanas” seriam possíveis para resolver as constantes e cada vez mais graves obstruções arteriais que acometem nossas cidades? Post de Rodrigo V. de Souza.
Acompanhava uma das últimas lives da Prefeitura de Porto Alegre, na qual o atual prefeito, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), juntamente com o Secretário Extraordinário de Mobilidade Urbana, Rodrigo Mata Tortoriello, apresentava o lançamento do novo pacote de mobilidade urbana.
Dentre as autoridades convidadas para esse debate estava o ex-Secretário de Mobilidade e Transportes na cidade de São Paulo e Diretor de Mobilidade Urbana do WRI Ross Center for Sustainable Cities, Sergio Avelleda.
Avelleda, logo no início da sua fala, fez uma analogia de extrema simplicidade, porém de uma precisão didática admirável. Segundo ele:
A partir de tal analogia não pude ouvir mais nada que ele tenha dito nos minutos seguintes.
Não porque sua explanação tenha sido desinteressante, muito pelo contrário… Mas pelo fato dessa analogia ter agido sobre a minha mente como um gatilho de tal força que simplesmente abduziu minha atenção por completo, transportando-me de volta à adolescência, durante minhas aulas de biologia na escola.
O fato é que, quase que imediatamente após a sua fala, algumas reflexões inundaram a minha mente. A primeira é que quem denominou os diferentes tipos de vias urbanas, muito provavelmente, tenha feito a mesma analogia, já que um dos principais tipos de vias urbanas são justamente as arteriais. A partir dessa analogia, uma imensidão de outras tantas tornam-se possíveis. Pensando numa grande avenida totalmente congestionada pelo fluxo num final de tarde, imaginei que tipos de “angioplastias urbanas” seriam possíveis para resolver essas constantes e cada vez mais graves obstruções arteriais que acometem nossas cidades?
O sistema de transporte público é uma questão que precisa de cuidados urgentes e intensivos, não só em âmbito nacional, mas em todo o mundo.
Além da já mencionada NECROSE URBANA, a qual, por falta de irrigação de investimentos em infraestrutura, educação e segurança, mata cerca de 1,2 milhões de “células” anualmente, parecemos estar vivenciando também um quadro isquêmico.
Quadro de tamanha gravidade, a ponto de fazer com que nenhuma ponte (ou viaduto) de safena mais seja capaz de nos livrar de um iminente infarto do miocárdio.