Parada pedagógica pela qualidade de ensino nos CFCs
Voando para Mato Grosso do Sul para participar, na terça-feira (14 de maio) da 3ª Atualização Extraordinária de Instrutores e Diretores dos Centros de Formação de Condutores (CFC). O encontro reúne cerca de 115 CFCs e 806 instrutores e diretores geral e de ensino. A atualização, prevista na Resolução n.º 358/10 do Contran, é voltada aos Centros de Formação de Condutores, que reincidiram seis ou mais vezes no índice de aprovação estando abaixo dos 60% nos exames teóricos/técnicos e/ou direção veicular.
Rever o modo como se ensina e como se aprende a dirigir nas autoescolas credenciadas ao Detran de Mato Grosso do Sul. Identificar oportunidades e buscar soluções para melhorias que tornem a aprendizagem da direção veicular significativa para os futuros condutores. Essa é a tônica do encontro, do qual tenho a honra de ser palestrante.
Na verdade, prefiro chamar de parada pedagógica, de roda de conversa. Um momento histórico, em que profissionais do ensino e da aprendizagem da direção veicular foram convidados pelo Detran-MS a repensar a gestão do processo e do Plano Pedagógico pelos CFC’s e identificar quais os indicadores visíveis e ocultos das reprovações nas provas práticas de direção.
O que torna esse momento diferenciado é que, pela primeira vez, instrutores e diretores de ensino poderão conhecer os fundamentos do método decomposto de aprendizagem veicular, desenvolvido em países de plataforma cultural sustentada na segurança no trânsito, e questionar o que podem aprender com isto de acordo com a realidade brasileira e local. Também estará em pauta a formação continuada e a qualificação permanente dos instrutores e diretores de ensino.
Num cenário nacional em que as reprovações nas autoescolas colocam em xeque o modo como se ensina e como se aprende a dirigir diante de taxas de reprovação que passam de 80% em alguns estados, basta que menos de dois décimos abaixo dos 60% da taxa de aprovação mínima das autoescolas da capital, Campo Grande, para que Detran MS introduza ao debate assumindo posição de vanguarda.
Note-se que as taxas de aprovação das autoescolas sul matogrossenses fora da capital chegam a quase 80%, ou seja, no Mato Grosso do Sul aprovam-se os mesmos percentuais de alunos que reprovam em outras capitais. Mas, ainda assim, a preocupação é grande em melhorar os métodos de ensino e tornar a aprendizagem da direção ainda mais significativa para o maior número de futuros motoristas.
Ao problematizar a questão pedagógica mesmo com altos índices de aprovação nos testes práticos de direção, o que o estado de Mato Grosso do Sul e seus gestores de trânsito nos ensinam é que, se cada um no processo de habilitação fizer a sua parte, é possível substituir o adestramento pela aprendizagem significativa da direção veicular.
Um momento único, importante, em que representantes de todos os envolvidos no modo como se ensina e se aprende a dirigir no Brasil faz uma parada pedagógica, se mobiliza, socializa as dificuldades cotidianas, mas também a busca de soluções para problemas comuns.
O melhor, o mais importante, é que a preocupação destes 115 representantes de CFC’s de Mato Grosso do Sul, dos instrutores, dos diretores de ensino e dos organizadores do evento não é só em aumentar os percentuais de aprovação para o próximo ano.
O mais significativo é que os fundamentos da aprendizagem significativa da direção veicular começam a deixar de ser objeto discursivo para se incorporar aos interesses, às metas, ao planejamento estratégico pedagógico das autoescolas de Mato Grosso do Sul.
O que esses gestores de CFC, instrutores, diretores geral e de ensino, e profissionais do Detran de Mato Grosso do Sul mostram ao Brasil sofrido das altas taxas de reprovações nos exames práticos e de motoristas iniciantes mal preparados para o trânsito é que a mudança é possível.
Mostram que rever as práticas tradicionais de ensino focadas em memorização e adestramento é o primeiro passo para a grande e necessária mudança: aprendizagem significativa para formar motoristas melhores preparados e cidadãos para o trânsito.