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22 de dezembro de 2024

Número de atropelamentos de crianças e adolescentes volta a subir


Por Pauline Machado Publicado 05/11/2021 às 11h15 Atualizado 08/11/2022 às 21h20
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Dados do SUS, divulgados pela Abramet, mostram que aumentou o índice de internações por atropelamentos de crianças em 2021.

No mês passado, a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego – Abramet, divulgou dados que nos fazem pensar e repensar sobre a violência do trânsito brasileiro. Entre janeiro e agosto de 2021, o índice de internações por atropelamentos de crianças e adolescentes entre zero e 19 anos, na condição de pedestres ou ciclistas, cresceu 9% – em comparação ao mesmo período no ano passado.

No total, mais de seis mil delas foram hospitalizadas em estado grave em todo o país e quase 500 foram a óbito no local onde ocorreu o acidente.

Os números foram registrados com o apoio da agência 360° CI, que mapeou os índices de morbimortalidade infantojuvenil no Sistema Único de Saúde (SUS) provocados por atropelamentos.

Conforme Antônio Meira Júnior, presidente da Abramet, o levantamento reacende o alerta de que a segurança das crianças e adolescentes depende da conscientização de todos.

“Esses atropelamentos, na sua maioria, não são acidentais, mas sim resultados da não observância de medidas voltadas para o controle de riscos. Quer por parte de condutores, quer por parte de pais e responsáveis pelas crianças. Nesse momento de retorno às aulas presenciais e maior circulação das crianças nas ruas, precisamos reforçar o alerta aos pais, educadores. Bem como, provocar as autoridades para que invistam em políticas públicas voltadas à educação para o trânsito”, ressalta.

Números por localidade

O mapeamento que avaliou o aumento das internações motivadas por atropelamentos de crianças durante 2021, considerou os registros do Sistema de Informações Hospitalares do SUS, do Ministério da Saúde.

Na análise por regiões, a Abramet identificou aumento mais significativo no Centro-Oeste e Sudeste. A alta foi de 45% e 14%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado. Já o Nordeste (-7%) e Norte (-14%) registraram queda nos índices; e Sul foi a única região que não apresentou variação no referido período.

No balanço por estado é possível observar que a problemática se alastra por todo o Brasil. Goiás, por exemplo, lidera o ranking com um aumento de 94% nas internações. O estado é seguido por Tocantins (88%) e Rio de Janeiro (58%), que registraram os índices mais alarmantes. Assim como Rondônia (23%), Paraíba (22%) e Minas Gerais (18%).

Essa visualização pelas localidades mais afetadas permite a elaboração e implementação de estratégias específicas para promover a educação no trânsito. Além disso, para o cumprimento das leis para uma mobilidade urbana mais saudável e segura para as crianças e adolescentes, considera Flavio Adura, diretor científico da Abramet. “As estratégias de educação devem abranger todos os públicos. Além dos próprios condutores, que devem respeitar sempre os pedestres – sobretudo nas proximidades de escolas –, pais, responsáveis, comunidade e as próprias crianças precisam incorporar essa cultura de segurança”, avalia.

Faixa etária

O levantamento também identificou que de janeiro a agosto deste ano, o aumento mais expressivo, em termos percentuais, se deu no grupo de crianças com idade entre 10 e 14 anos. Nesta faixa, o aumento das hospitalizações foi de 17%. Seguidos por 10% de adolescentes de 15 a 19 anos e 8% de crianças entre 5 e 9 anos. Entre os menores de 5 anos houve queda nos atropelamentos. Dos pacientes internados no período, os meninos representam 76% das vítimas. Com 4,6 mil hospitalizações em 2021, aumento de 12% em relação ao ano anterior.

Fato recorrente

A pesquisa demonstra ainda que a questão não é recente. No estudo da série histórica, demonstrou-se que na última década cerca de 120 mil crianças e adolescentes foram hospitalizados no SUS. Bem como, mais de 8,6 mil morreram vítimas de atropelamentos.

José Montal, diretor da Abramet, reforça o papel dos familiares e responsáveis para supervisionarem as crianças na travessia pelas ruas e orientá-las sobre as regras e sinais de trânsito. Além disso, sobre a importância de utilizar a faixa de pedestre e olhar para os dois lados ao atravessar; nunca correr pela rua ou entre veículos; e outros ensinamentos que é possível transmitir no dia a dia em conversas e brincadeiras.

“É fundamental que os adultos sejam o exemplo que ajudará a criança a tornar-se cidadã apta para o convívio pacífico, em respeito à vida. É característico da criança, por exemplo, o não conhecimento do risco, a constante exposição ao perigo, condição que coloca sua saúde e sua vida sob constante ameaça. Nesse sentido, trazer as regras do trânsito para uma linguagem compreensível para esse público é um desafio que a sociedade tem que enfrentar se quiser evitar ou atenuar essa dolorosa realidade”, reforça Montal.

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