Aulas teóricas remotas: hora da revisão!
O especialista Álvaro J. Pedroso questiona se não é a hora de reavaliar a manutenção das aulas teóricas remotas na formação de condutores. Leia!
A formação de condutores, durante o período da pandemia causada pelo Covid-19, que infelizmente persiste, passou por mudanças nas aulas teóricas para viabilizar a sua continuidade, ocorrendo o deslocamento da sala de aula presencial para o ambiente virtual, entretanto, as aulas teóricas remotas tratava-se de uma solução paliativa.
Depois do período mais crítico, que esperamos já ter passado, entendemos que deve ser revista a manutenção da modalidade de ensino remoto, devido às seguintes circunstâncias observadas no dia-a-dia:
- O trânsito é uma realidade material e deve ser tratado no ensino com a maior interatividade possível, o que mesmo com aulas remotas ao vivo não é possível;
- Mesmo que os alunos tenham equipamentos e internet em boas condições, que haja uma interatividade efetiva através dos meios eletrônicos, não é possível garantir a qualidade de ensino;
- Ensinar é um processo que envolve olhos nos olhos, expressões corporais e “feedback” pessoal, o que certamente nos permite como educadores perceber o grau de compreensão de cada aluno e contribuir para o seu efetivo aprendizado;
- Nas aulas remotas, embora transmitidas ao vivo, a interação para melhor aproveitamento das aulas fica muito prejudicada. Isso ocorre devido a heterogeneidade dos alunos quanto a formação cultural, escolaridade e equipamentos;
- Os fatores interesse e compreensão de cada aluno também interferem sobremaneira na assimilação do conhecimento;
Entre aqueles que de alguma forma participam, pois são raras as participações com a câmera e microfone abertos, são constatadas diariamente muitas situações explícitas de dispersão durante as aulas:
- Alunos assistindo aulas da faculdade simultaneamente com a formação de condutores (igualmente remotas e nos mesmos horários);
- Aulas assistidas durante o horário de trabalho;
- Interrupção da aula porque o pet fez sujeira no tapete da sala;
- Aulas em trânsito durante viagens;
- Microfone aberto em discussão familiar ou assistindo TV durante a aula;
- Aulas no transporte coletivo;
- Interrupção da aula para atendimento dos filhos;
- Interrupção da aula para receber o serviço de entrega em domicílio;
- Aula enquanto dirige, e sem habilitação;
- Incapacidade de operar sistemas informatizados;
- Aula sem microfone para retorno;
- Quedas constantes da internet do aluno;
- Aula durante o churrasco de sexta à noite;
- Escolaridade deficiente;
- Aulas via aparelho celular sem os recursos necessários;
- Equipamentos do aluno com limitação técnica;
- Saindo do trabalho para embarcar no transporte coletivo durante as aulas.
Ainda que no momento, já estejam ocorrendo aulas híbridas, ou seja, com alunos presentes e à distância, simultaneamente, ainda se trata de medida paliativa. E isso não favorece a aprendizagem dos alunos, seja por que meio estejam assistindo as aulas.
Neste contexto, portanto, e, ouvidos muitos especialistas da área de educação, a modalidade remota foi necessária, mas já está na hora de restabelecer a modalidade de aulas presenciais na formação de condutores e até com melhores resultados, aproveitando a experiência que a pandemia nos proporcionou, afinal a vacinação está bastante avançada e mantidos os protocolos de prevenção pode-se trabalhar normalmente e com segurança.
Se as aulas nas escolas e faculdades já foram retomadas. Além disso, se até mesmo o retorno do público aos estádios de futebol já foi viabilizado, não existe justificativa para se manter o ensino à distância na formação teórica de condutores, quando tão precária e de tamanha relevância para um trânsito mais seguro.
É preciso retomar de fato a formação de condutores. Vamos encarar a realidade!
Acreditamos que para atingir resultados de qualidade neste âmbito, só será possível com as aulas presenciais. Nelas, instrutores, alunos e o sistema brasileiro de trânsito, lado a lado estarão em plena sinergia para melhoria da realidade brasileira no trânsito.