Como prevenir traumas causados por acidentes de trânsito em crianças
Os acidentes de trânsito são uma das maiores causas de mortes de crianças no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, por ano, mais de 1800 crianças morrem no País como ciclistas, pedestres ou ocupantes de veículos. Isso quer dizer, mais de cinco crianças por dia são vítimas fatais do trânsito. Além disso, cerca de 15 mil são hospitalizadas por esses acidentes. Em 2014, a Seguradora Líder DPVAT pagou 45.683 indenizações para a faixa etária de 0 a 17 anos.
“A boa notícia é que 90% desses acidentes podem ser evitados”, explica Elaine Sizilo, pedagoga, especialista em trânsito. De acordo com Sizilo, pequenas atitudes ou mudanças de comportamento podem reduzir drasticamente esses números.
Atropelamentos
A maioria das mortes de crianças no trânsito acontece por atropelamento. “As crianças precisam desenvolver sua independência, isso faz parte do crescimento, mas na hora de atravessar a rua, a supervisão de um adulto é fundamental”, explica a especialista.
O mais importante a fazer para ensinar um comportamento de pedestre seguro é praticá-lo, ou seja, dar o exemplo. “Atravessar as ruas olhando para ambos os lados, respeitar os sinais de trânsito e faixas para pedestres e fazer contato visual com os motoristas são regras básicas que devem ser seguidas por todos”, diz Sizilo.
Dicas:
– Nunca deixe crianças menores de 10 anos sozinhas nas ruas, a supervisão de um adulto é fundamental. Segure sempre a mão da criança, pelo pulso, com firmeza.
– Não deixe crianças brincarem em entradas de garagens, quintais sem cerca, ruas ou estacionamentos.
– Vista a criança com roupas claras, materiais reflexivos ou use lanternas para que ela seja vista, principalmente, à noite.
– Ensine a criança a olhar, várias vezes, para os dois lados antes de atravessar a rua. E só concluir a travessia com segurança.
– Oriente-as a não atravessar a rua por trás de carros, ônibus, árvores e postes.
– Ao desembarcar do ônibus, ensine a criança a esperar que o veículo pare totalmente para descer e aguarde que ele se afaste para atravessar a rua.
– Dê prioridade à faixa de pedestres, sempre.
Ocupantes de veículos
A melhor proteção para a criança no carro é usar cadeiras e assentos de segurança. Estudos americanos mostram que cadeiras de segurança para crianças, quando instaladas e usadas corretamente, diminuem os riscos de morte em até 71% em caso de acidente “O cinto é projetado apenas para adultos com no mínimo 1,45 metro de altura e por isso não protege os pequenos dos traumas de um acidente”, explica a especialista.
Os cuidados devem ser tomados mesmo que seja para curtas distâncias. Dados apontam que 60% dos acidentes de trânsito acontecem em um raio de três quilômetros de casa.
Em motocicletas é proibido transportar crianças menores de sete anos. “Isso é o que diz a lei, a recomendação é que menores de 12 anos não andem em motos”, alerta a especialista.
Dicas para o transporte em carros:
– No carro, use o sistema de retenção de acordo com a idade, peso e altura da criança. De acordo com a legislação brasileira, crianças com até um ano de idade deverão utilizar, obrigatoriamente, o dispositivo de retenção denominado “bebê conforto”; com idade superior a um ano e inferior ou igual a quatro anos deverão utilizar, obrigatoriamente, o dispositivo de retenção denominado “cadeirinha”, já as crianças com idade superior a quatro anos e inferior ou igual a sete anos e meio deverão utilizar o dispositivo de retenção denominado “assento de elevação”.
– As cadeirinhas devem ser certificadas e instaladas corretamente no veículo, de acordo com as instruções do manual.
– Não deixe as crianças segurarem objetos pontiagudos durante o trajeto, um lápis pode causar um grande ferimento em caso de acidente.
– O airbag do passageiro pode machucar seriamente uma criança que estiver sentada no banco da frente, por isso, se for transportar uma criança em camionete, desative esse dispositivo.
Dicas para o transporte em motos:
– Para os maiores, alguns cuidados também podem evitar acidentes. Menores de sete anos não podem ser transportados em motocicletas.
– O passageiro, por exemplo, não deve tirar os pés das pedaleiras nas paradas. Além disso, tem que manter as pernas e a roupa longe do escapamento e segurar o piloto em sua cintura ou quadril.
– É importante também o piloto alertar o passageiro antes de fazer qualquer manobra súbita.
– O uso do capacete com viseira é obrigatório e indispensável.
Veículos não motorizados
Mais que brinquedos, a bicicleta, o patins, o patinete e o skate representam liberdade e independência, mas esta brincadeira exige cuidados, pois um dos maiores perigos é a lesão na cabeça que pode levar à morte ou deixar a criança com sequelas permanentes. “O único jeito de reduzir esse risco é usar o capacete. Segundo estudos, com o equipamento é possível reduzir em até 85% o risco de traumatismo craniano em caso de queda”, afirma a especialista.
Dicas:
– O capacete deve ser certificado pelo Inmetro e ficar confortável. Não pode ser solto, nem apertado. A criança deve utilizá-lo corretamente centrado na parte de cima da cabeça e com as tiras ajustadas e afiveladas sob o queixo;
– Para andar de bicicleta, as crianças devem usar sempre sapatos fechados e evitar cadarços folgados ou soltos;
– Brincar sempre em locais seguros, fora do fluxo de veículos.
– As crianças devem sempre ser supervisionadas por um adulto.
– Os pneus da bicicleta devem estar firmes e devidamente cheios, os refletores devem estar seguros e bem presos. Além disso, os freios devem estar funcionando perfeitamente.
– Os pés da criança devem alcançar o chão enquanto ela estiver sentada no assento da bicicleta.
* As dicas são da ONG Criança Segura