O fim das autoescolas?
Centro de Formação de Condutores (CFC) é o nome dado às antigas autoescolas, no Brasil. Atribuída pela Resolução CONTRAN nº 33, e mantida no art. 156 do atual Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503), de 23 de setembro de 1997. São escolas credenciadas pelos departamentos de trânsito, que têm por objetivo a capacitação do cidadão para a condução de veículo automotor, mediante a aplicação de aulas teóricas e práticas, para a obtenção da CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
Ocorre que esses importantes estabelecimentos criados há aproximadamente 20 anos estão com os seus dias contados. E quando faço tal afirmação não me baseio em nenhum projeto de lei esdrúxulo ou pelo fato que, embora a formação ofertada nesses CFCs seja de suma importância para o trânsito, a efetividade na aprendizagem dos alunos que de lá advêm seja contestável, basta olhar o crescente número de acidentes e mortes nas nossas ruas e estradas. Faço essa afirmação baseado numa projeção do atual cenário tecnológico do mercado automobilístico.
Sou uma pessoa adepta a tudo que diz respeito, não só ao trânsito, mas à tecnologia. Certa feita, participando de um seminário de trânsito na cidade de Porto Alegre, onde o tema de um dos painéis versava sobre as atuais pesquisas na área da automação veicular, me pus a pensar nessa questão. Acompanhado por um colega, que durante vários anos trabalhou como instrutor teórico em CFCs, comentei: “tua profissão está fadada a extinção!”.
Atribui-se a criação do primeiro automóvel a fazer uso de um motor de combustão interna a gasolina ao alemão Karl Benz, em meados do ano de 1885. No entanto, a popularização do automóvel se deu bem mais tarde. É fato que esse invento transformou completamente nossa sociedade e nossa forma de viver. Para o bem e para o mal também. Atualmente, mesmo após uma série de dispositivos e equipamentos de segurança que foram desenvolvidos para preservar a vida dos motoristas e seus ocupantes, os carros seguem matando a cada dia mais e mais pessoas, certo? ERRADO! Afinal, eu nunca vi nem tive notícias de nenhum pedestre ter sido morto por um carro estacionado. Ou, por “vontade própria”, algum automóvel ter avançado o sinal de propósito, só pra assassinar seu condutor. Ou ainda, um carro não tripulado ter fechado um ciclista que acabou caindo… até agora!
Em 2016, nos Estados Unidos, ocorreu a primeira morte causada por uma falha nos sistemas de um carro autônomo. Um Tesla Model S não reagiu a um caminhão fazendo uma curva para a esquerda no cruzamento de uma rodovia. A Tesla afirmou em nota que esse acidente fatal é apenas um em mais de 209,2 milhões de quilômetros em que o piloto-automático foi ativado ao redor do planeta. No mundo, a quantidade de mortes com carros normais da marca é de um em 96,5 milhões de quilômetros rodados. Ou seja, os carros sem motoristas ainda são tecnicamente mais seguros que os tradicionais.
Discussões sobre segurança dos autônomos à parte, já é possível imaginar nossos bisnetos ou, quem sabe, netos, retrucando quando começarmos com aquelas histórias de “no tempo em que eu tirei a carteira” ou “ no tempo em que eu dirigia”… dizendo: “Tirar a carteira?! Dirigir?! Que coisa mais careta, vovô…” ou seja lá o termo que se usará para denominar coisas antiquadas e ultrapassadas na época deles.