Gasolina formulada…(você está usando?)
O “automóvel” está gastando mais combustível que antes…em contar que o pobrezinho “engasga” sempre no início do deslocamento. (pensei que era consequência de ser como “eu”, um jovem idoso)
Mas quando comentei com um amigo – destes aficionados por automóveis – o que estava acontecendo, sem delongas resmungou:
– Bah tchê, deve ser a tal da “gasolina formulada”!
Fiquei surpreso e perplexo, pois nunca ouvira falar dessa tal modalidade de gasolina!
…e assim continuou com o arsenal de más notícias:
– César, essa gasolina além de ocasionar aumento no consumo – de 10% a 15% -, compromete o desempenho do motor, oportuniza riscos de “deterioração” acelerada da bomba de combustível, dos bicos injetores, das peças de borracha, além de oportunizar troca precoce dos filtros. (fiquei de queixo caído!)
E não se contentou…seguiu despejando outras informações agorentas enquanto caminhava de um lado para o outro, jorrando uma excitação intelectual pavorosa:
Olha – disse ele com os olhos esbugalhados -, a danada da “gasolina formulada/GF” apresenta níveis de enxofre e evaporação diferentes daquelas do tipo “C” – marcas convencionais conhecidas do público -, produzindo grande quantidade de resíduos na câmara de combustão. (traduzindo a você leitor: a “gasolina formulada” apresenta uma alta volatilidade – isto é, evapora mais rápido que as demais)
E sem tomar fôlego, como que possuído pelo “capeta” continuou:
…e um dos indicadores que a gasolina é a “formulada” – também chamada de “tipo A”-, é o preço! (em geral muito abaixo da média praticada no mercado e geralmente vendida nos postos de bandeira branca – conhecidos como “sem bandeira”-, que representam 38% dos cerca de 40 mil pontos existentes no Brasil)
E tal qual pai experiente finalizou com o “dedo em riste”:
– Procure saber o fornecedor de combustível do seu posto predileto e sempre priorize os das grandes distribuidoras.
Mas o que é “GASOLINA FORMULADA”, que a partir de agora abrevio “GF”? (no meio mais acadêmico pode ser conhecida como “gasolina genérica” ou “gasolina de laboratório”)
– Dizem que não é como a gasolina “batizada” ou “adulterada” – infelizmente tão praticada pelos postos de combustíveis em todo o país -, mas que junto a estas é vendida como “gasolina comum”;
– A “GF” é constituída de sobras da “gasolina comum” não utilizada pelas distribuidoras dentro do prazo de validade – em três meses a gasolina começa a perder as suas propriedades -, estabelecidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), misturadas com outras substâncias – em torno de 200 aditivos e 27% de etanol;
– A “GF” é uma forma de aproveitar esse tipo de gasolina para que estas sobras não sejam perdidas; (a ANP autoriza esta espécie de “reciclagem” a ser vendida em todo o país desde 2013)
– A “GF” é um produto mais volátil – ou mais leve -; isto é, evapora ou passa para o estado gasoso com maior facilidade, ocasionando a diminuição no rendimento do veículo além de outros malefícios já citados;
– Então, cuidado com as promoções!
Ao invés de uma atitude governamental sensata, o que está ocorrendo é que o cidadão está adquirindo um produto de qualidade inferior ao esperado sem conhecimento. (onde anda o PROCON – Programa de Proteção e Defesa do Consumidor?)
Em certas localidades do Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Bauru – interior de São Paulo, já existe “lei” para que os postos de venda de combustíveis informem se a gasolina vendida é “comum” ou “formulada”. (os Sindicatos do Comércio Varejistas de algumas localidades reclamam que a ANP e as distribuidoras omitem essa informação impossibilitando que os postos possam assim fixar nas bombas de combustíveis quais as modalidades comercializadas)
Alguns motoristas de forma fiscalizadora estão calculando a média de consumo do combustível no seu veículo…(se houver muita diferença entre os abastecimentos há chance de que você esteja diante da “GF”),
Há grupos que defendem que a “GF” não é malévola quanto parece, o que torna a questão controversa, pois os que a amparam são credenciados a emitir opiniões.
Como a “GF” é feita a partir de sobras – tornando mais difícil identificar alteração a sua composição -, pode vir a ser adulterada com mais facilidade.
A “GF”, teoricamente não deveria causar danos ao motor do veículo, pois é exigência da ANP que todo o tipo de combustível esteja adequado às suas regras de especificações. (mas quem fiscaliza?)
Antes de março de 2015 Universidades brasileiras ajudavam a ANP a fiscalizar a qualidade dos combustíveis vendidos nos postos, mas os contratos não foram renovados para 19 estados e para o Distrito Federal, pois a parceria foi cancelada após o Governo Federal anunciar cortes nos gastos públicos.
A situação descrita é o resultado da vontade sinistra do poder do comércio, orquestrado na maioria por uma “camarilha” de aventureiros sem freio, que usam de uma demagogia grosseira dissimulando a defesa dos interesses de um punhado de outros exploradores sociais – de imaginação engenhosa -, tornando-se mentores de muitas das decisões sociais.
Certas situações exigem que as regras mudem, e para mudar temos de tomar consciência que precisamos de lideranças que indiquem novos caminhos…com comando capaz, implantação rápida e respeito à lei, para que assim a febre da “falta de ética” baixe logo.
Abraços.
Revisado por Luciana Farias Pereira