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Montadoras ampliam aposta em veículos elétricos


Por Talita Inaba Publicado 12/11/2012 às 02h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h58
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O mercado dos veículos elétricos – puros ou híbridos, que também contam com motor a combustão, ou seja, movido à gasolina -, ainda é incipiente no Brasil, mas terá alguns novos produtos para disputar a preferência do consumidor a partir de 2013.

As montadoras, aos poucos, ampliam suas apostas nesse segmento, mas ainda esperam que, ao longo do tempo, o consumidor se adapte à tecnologia e, principalmente, que o governo federal ofereça incentivos às vendas desses carros, menos poluentes.

No ano que vem chegam os híbridos Prius, da Toyota, que já é sucesso mundial (são 3,2 milhões de unidades vendidas no mundo), e o Ford Fusion Hybrid 2013 (versão tecnologicamente mais avançada que a anterior, lançada por aqui em 2010); e, em 2014 desembarca o elétrico i3, da BMW, modelos que vão engrossar o leque de opções para um público sofisticado e disposto a pagar um pouco mais por produto mais ecologicamente correto.

O Fusion foi pioneiro no mercado nacional. A Ford importou 255 unidades do carro até agora, dos quais cinco foram para testes, 50 foram para uso interno e test-drive por parte dos distribuidores e, dos 200 restantes, metade foi para frotas corporativas.

Segundo o gerente geral de marketing da montadora, Oswaldo Ramos, a aposta no modelo, que também tem motor a gasolina, se deve ao fato de que falta infraestrutura no Brasil para os carros plug-in (nos quais se recarrega a bateria na tomada). Para ele, incentivos fiscais poderiam acelerar a demanda por híbridos no mercado, que têm vantagens, como a menor emissão de poluentes e a redução de consumo. “Mas é um processo irreversível (de crescimento da procura)”, avaliou, na semana passada, durante evento da SAE Brasil sobre o tema, em São Paulo.

Entre os benefícios, a versão anterior do Fusion Hybrid fazia 13,8 quilômetros por litro de gasolina na cidade e, o novo, vai rodar 16,8 quilômetros por litro. Isso porque ambos os modelos conseguem, entre outras características, reaproveitar a energia gerada pela frenagem para alimentar a bateria, que movimenta o carro nas descidas e no plano. O ponto negativo é o custo que, na caso desse carro, chega a ser 25% mais alto do que a versão normal (só motor a combustão) – o que já está no mercado sai por R$ 133 mil, frente aos R$ 106 mil do tradicional. “Começamos com um carro de luxo porque a sensibilidade no preço é menor (no público comprador)”, afirma Ramos. Em veículos populares, por causa da tecnologia, que é cara – principalmente a bateria de lítio -, o preço dobra, estima o executivo.

Por sua vez, a Toyota também aposta nos híbridos, e trará o Prius no Brasil. “Vai demorar um pouco para virar sucesso, temos um bom caminho pela frente para maximizar os volumes, mas o híbrido veio para ficar”, diz o diretor comercial da montadora no País, Frank Peter Gundlach.

ELÉTRICO – Já a BMW vai engrossar o leque de opções – já comercializa no País o 7 Series que tem motor a combustão e elétrico em série -, ao trazer, em 2014, o i3, modelo totalmente concebido já para ser um elétrico (é feito com chassi de alumínio, por exemplo, para ficar mais leve e compensar o peso da bateria). Segundo o diretor de pós-vendas, José Sétimo Spini, será para um público sofisticado, que dá valor à sustentabilidade.

Spini também acha que o governo poderia incentivar as vendas de carros desse tipo, mesmo os importados. “É preciso dar oportunidade para o consumidor testar novas tecnologias”, afirma. Ele lembra que países como Estados Unidos, Chile e Portugal dão bônus para o comprador de carros desse tipo.

Fabricantes testam a aceitação dos veículos no mercado

Além dos lançamentos, já há montadoras testando veículos puramente elétricos, para sentir a aceitação do mercado. É o caso da Nissan do Brasil, que fechou parceria com a Prefeitura de São Paulo e com a concessionária AES Eletropaulo para testar modelos Nissan Leaf. Até o fim do ano, dez taxistas circularão pela Capital com os veículos, cuja autonomia da bateria é de 160 quilômetros. O objetivo é entender quais são os detalhes que o motorista e o trânsito brasileiro demandarão de um carro desse tipo.

Outro exemplo é da Fiat, que fez parceria com a Usina de Itaipu (que é estatal), e desenvolve um Palio 100% movido à bateria, que tem 120 quilômetros de autonomia. O supervisor de veículos especiais da montadora, Leonardo Cavalieri, diz que o governo já tem dado apoio, com financiamento à pesquisa – a montadora desenvolve bateria à base de cloreto de potássio, que dispensaria a necessidade do lítio, que é importado -, mas há entraves. “As cidades têm de se estruturar”, observa, em referência à falta de opções de ponto de recarga das baterias.

Modelos devem ‘pegar’ no Brasil em 5 anos

Especialistas e representantes das montadoras consideram que a tendência dos carros híbridos (com motor elétrico e à combustão) vai ‘pegar’ no Brasil nos próximos cinco anos.

Segundo o consultor da SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade) Francisco Satkunas, essa aceitação, inicialmente, deve ocorrer apenas em modelos importados intermediários ou de luxo, e não nos populares. “Serão para pessoas com poder aquisitivo e que têm consciência ambiental”, prevê.

O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Cledorvino Belini, também vê espaço para o crescimento desse mercado, apesar dos obstáculos. “A tecnologia ainda é cara”, cita.

“Nos Estados Unidos, o híbrido é 50% mais caro que o equivalente à gasolina e o elétrico custa o dobro”, observa Satkunas. Para compensar essa desvantagem, o governo norte-americano dá bônus de US$ 7.000. Com isso, o Volt, da GM, cai de US$ 40 mil para US$ 33 mil.

RECARGA – Além do custo, há outras desvantagens, entre elas o tempo de recarga, que vai de oito a dez horas em tomada de 110 volts (seis horas na de 220 volts) e a autonomia do carro, que ainda é em torno de 100 quilômetros. A meta da indústria é chegar a 300 quilômetros sem a necessidade de reabastecimento.
Outro problema é a bateria do carro elétrico, que pesa 200 kg e tem 1,7 metro de comprimento. E um cabo de recarga, para adaptação da tomada, custa US$ 2.500 nos Estados Unidos.

Não é só isso. Faltam postos de abastecimento. Nos Estados Unidos, para se ter ideia, são 5.000. Na China são 8 milhões, destinados a abastecer as scooters elétricas, que são populares naquele mercado.

Com tantos entraves, Satkunas avalia que, em termos de produção local, o Brasil vai avançar nos próximos anos na modernização dos motores convencionais, para melhorar a eficiência e reduzir o consumo. Ele prevê a adoção de tecnologias já utilizadas em larga escala no Exterior, como o turbo e o sistema start-stop, que desliga o motor quando o carro para.

Fonte: Diário do Grande ABC

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