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Alcoólatras ao volante!


Por Márcia Pontes Publicado 01/04/2013 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h47
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Uma das estatísticas mais sérias sobre o assunto data de 2005, quando o II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil apurou que o alcoolismo afetava 5,8 milhões de pessoas à época. E o mais preocupante: muitos destes alcoolistas dirigem diariamente algum tipo de veículo!

Esses números que traduzem o histórico diário de consumo abusivo de álcool, da síndrome de abstinência e da manutenção do uso da bebida pelos alcoolistas nos chama (a sociedade) à responsabilidade diante das mazelas sociais causadas pela combinação álcool e direção.

Como se não bastasse o drama para as famílias que adoecem junto com a pessoa que bebe por vício, ainda tem o sofrimento de tornar-se refém de um motorista alcoolizado numa simples ida à padaria, ao supermercado, nas viagens em família.

Quem tem um alcoólatra na família, como amigo ou como vizinho sabe muito bem do que estamos falando: de pessoas que negam o vício, que o admitem por conveniência para se livrar das ofertas de ajuda e dos pedidos para que busque tratamento, e assim o sofrimento e o grito de socorro de quem sofre junto com o alcoolismo vai ficando preso na garganta.

Nós, educadores de trânsito e a sociedade, preocupamo-nos muito com quem bebe e dirige, com quem dirige sob efeito de outras drogas, mas às vezes me questiono se realmente estamos dando a devida importância para o alcoólatra que dirige, para o sofrimento das famílias e no que podemos contribuir para a busca de soluções.

Assim como o trânsito é um espaço compartilhado e todas as ações devem ser sistêmicas e integradas, este é um problema que também nos diz respeito, que nos compete sim, porque ninguém sabe quem será a próxima vítima de um motorista alcoólatra. Daquele que carrega a marca e a doença de beber todos os dias!

Para o alcoólatra são apenas 3 ou 4 latinhas de cerveja por dia, mas para as pessoas que estão no trânsito, para as famílias que não conseguem impedir que essa pessoa alcoolizada dirija, o sofrimento é muito maior. Pagamos um custo muito alto diariamente por conta do alcoolismo.

Fora os riscos agregados causados pelo humor alterado do alcoólatra ao volante, pela teimosia que causa também as discussões e brigas quando o carona pede, pelo amor de Deus, que não dirija alcoolizado, de forma agressiva, colocando a si e aos demais em risco nas vias públicas.

Sinceramente, leitores, a situação é muito difícil para todos nós! Ninguém pode se sentir seguro de carona ou em via pública com um motorista que tem sua coordenação afetada, acuidade visual diminuída, reflexos retardados pelo álcool, tempo de reação drasticamente reduzido, confusão mental, perda de noção da realidade, dificuldade para calcular distâncias e que assume ainda mais riscos no trânsito.

Some a isso a autoconfiança, a diminuição do controle de emoções e capacidade de julgamento, perda de equilíbrio físico e emocional, perda de coordenação motora, sonolência, desorientação, apatia, perda da capacidade de observação, concentração e franca diminuição da percepção dos riscos.

O alcoólatra pode beber por conta própria, mas é a família e a sociedade quem paga a conta dos custos intangíveis dos acidentes de trânsito. Para motoristas alcoólatras a bebida não é casual, mas sim um hábito diário tal qual o de dirigir que coloca suas famílias e a sociedade como reféns. Todos precisamos de ajuda urgente!

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1 comentário

  • Iza Rodrigues
    29/05/2023 às 07:23

    O Detran precisa criar mecanismos de suporte ás famílias, para que familiares de alcoolatras tenham onde buscar suporte, para evitar que seu familiar se destrua ou destrua outras famílias no trânsito. Criar medida protetiva e não só punitiva.

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