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Os buracos da cidadania


Por Celso Mariano Publicado 12/01/2016 às 02h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h30
 Tempo de leitura estimado: 00:00
Cidadania no trânsitoChega de buracos! Não devíamos aceitá-los nem nas nossas rodovias, nem na nossa cidadania.

Na semana passada, um acidente ocorrido no Ceará suscitou um programa de rádio inteirinho, sobre o impacto da má conservação das estradas brasileiras nos acidentes de trânsito. Foi no dia 7 de janeiro de 2016, na Rádio Justiça de Brasília. A mim coube analisar o que pode e deve ser feito pelo cidadão comum, o usuário da via.

Quantos acidentes poderiam ser evitados se nossa infraestrutura viária tivesse sido construída a partir de projetos melhor elaborados e com materiais de melhor qualidade? Quantos prejuízos materiais pouparíamos se a manutenção fosse imediata e eficaz para recuperar sinalização e mobiliário danificado pelas intempéries ou acidentes anteriores? Quantas vidas teríamos preservado evitando acidentes causados por buracos porque faltou a atitude cidadã de os denunciar e reclamar, antecipando seu reparo por parte do órgão competente? Quantos novos acidentes ocorrem imediatamente após uma primeira ocorrência porque condutores curiosos – e despreparados – não resistem em contemplar a desgraça alheia, parando para ver o que aconteceu sem se darem por conta do risco que estão acrescendo à situação?

A via é pública. A responsabilidade de construí-la e mantê-la em bom estado, também. Isso significa, em última análise, que há uma responsabilidade coletiva, que seu bom estado, fundamental para que cumpra o seu papel, depende de todos. Ou seja, nós usuários não determinaremos diretamente quais são as regras: isso é papel do legislativo; nós as cumpriremos. Não as construiremos ou lhes daremos manutenção: isso é papel do DNIT, dos DERs, das Concessionárias ou das Prefeituras; nós as utilizaremos de forma adequada e zelaremos por seu bom uso e estado de conservação.

Há claramente obrigações para todos. Algumas expressas clara e diretamente na letra da lei. Outras invocadas pelo bom senso e espírito cidadão de que todos deveríamos estar imbuídos: são as nossas obrigações morais. E não são poucas, por exemplo: escolher bem quem elegemos para criar as leis, para implementá-las e para executá-las, incluindo o acompanhamento do seu cumprimento integral e ainda a colaboração para que todos as cumpram, etc. Minimamente, deveríamos avisar quando nos deparamos com um buraco na via, uma placa caída ou uma lâmpada do semáforo queimada. É o que eu chamo de “presença cidadã”. Só reclamar, ou constatar o problema e não fazer nada a respeito, apenas contribui para aumentar os riscos de uso da via enquanto a solução não vem. A próxima vítima pode ser você mesmo!

Estamos longe desta consciência cidadã? Acho que não. Pode ser excesso de otimismo de minha parte. Mas desde votar melhor – pelo menos lembrar em quem votamos – acompanhar o que os órgãos de trânsito estão fazendo e irmos além da reclamação pelo prazer de reclamar, já estamos bem mais próximo do que já estivemos. A Prefeitura de Curitiba, por exemplo, divulgou recentemente em seu site onde está aplicando o valor arrecadado com multas: um exemplo a ser seguido.

Nós todos andamos percebendo melhor as más administrações, os problemas na infraestrutura, os danos na via causados por desgaste ou acidentes, o mau comportamento dos outros (essa parte é fácil), etc. Daí para tomar uma atitude cidadã em substituição à simples (e tentadora) crítica, não há uma distância tão grande assim. Basta canalizar um pouquinho da energia da indignação (sempre há bastante) para uma ação cidadã.

Não fazer nada, nem lembrar em quem votou na última eleição, não conhecer seus vizinhos, e outros fenômenos que caracterizam nossa moderna fuga de uma vida social efetiva, é o que eu chamo de “ausência cidadã”. E nossa cidadania anda mesmo muito ausente, muito esburacada, admito. Chega de buracos! Não devíamos aceitá-los nem nas nossas rodovias, nem na nossa cidadania.

Ouça aqui a minha participação no Programa da Rádio Justiça:

 

Ou acesse a página da Rádio Justiça e busque os arquivos do Programa Justiça na Tarde, para ouvir as entrevistas com Luiz Cogan e Marcelo Araújo, no bloco 1, e com Luiz Flávio Gomes e Luiz Carlos Paulino, no Bloco 2. A minha participação está no Bloco 3. Clique aqui, selecione “Ouça Agora” e navegue até a data 07/01/16.

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