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Nova Paixão


Por Rodrigo Vargas de Souza Publicado 10/11/2017 às 02h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h17
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Foto: PixabayFoto: Pixabay

Foi em um posto de gasolina que começou essa história de amor. Não se trata de nenhuma frentista nem atendente que trabalhava naquele local. Em meados de 2011, enquanto abastecia o carro, fui abordado por um simpático, porém insistente vendedor de assinatura de revistas. Daqueles tão conhecidos que nos interpelam perguntando se aceitamos um brinde, que sempre vem acompanhado de uma “irrecusável” proposta de adesão. Cabe ressaltar que ainda não se trata da minha nova paixão!

O fato é que aceitei a proposta de um pacote anual que dava direito a escolher três revistas diferentes. Dentre elas, não podia faltar uma especializada em automóveis, é claro. Muito em função de sempre ter tido interesse na área e para facilitar minha rotina de trabalho. Na fiscalização de trânsito uma premissa básica é que se conheçam minimamente os modelos mais tradicionais de veículos. Como o mercado automotivo é muito dinâmico, constantemente novos modelos são lançados ou até remodelados. Por isso, é importante manter-se bem informado.

Durante esse período da assinatura, uma matéria em especial me chamou a atenção: o projeto de uma montadora sul-coreana de um modelo de carro popular, projetado especificamente para o público brasileiro, que prometia revolucionar o mercado automobilístico. Amor à primeira vista. A necessidade de ter um carro 0 km nunca foi uma grande preocupação para mim. No entanto, tamanha foi a minha identificação com o modelo que, a cada novo volume da revista que era lançado, minha primeira expectativa era de encontrar alguma nova notícia a respeito da data do lançamento, previsão de valor, itens que acompanhariam o modelo.

À medida que tais informações foram sendo reveladas na mídia, minha ansiedade e empolgação cresciam. Até que, aproximadamente um ano depois, finalmente o modelo foi lançado. O fôlego me faltava a cada comercial de televisão. As mãos suavam e o coração batia acelerado no dia do test-drive. Os olhos brilhavam ao enxergar algum modelo desfilando pelas ruas. E a cada dia que passava pareciam se multiplicar. Caprichosamente pareciam me seguir. Onde quer que eu fosse lá estava ele.

Todas essas questões me suscitaram algumas dúvidas: sabendo que o automóvel é apenas um produto, que se destina à locomoção, mesmo que muitos proprietários procurem escolher seus modelos a partir de critérios bem racionais, como custo X benefício, opcionais de segurança, valor de revenda, etc… O que faz algumas pessoas criarem uma relação de tamanha identificação com seus veículos, a ponto de utilizarem expressões do tipo “esse carro é a minha cara”? E mais, o que faz com que as pessoas identifiquem nos carros diferenciadas “caras”? E até mesmo diferenciados públicos, observáveis por expressões como “carro com cara de tiozão”, “carro de mulher” ou “carro de família”?

Na sociedade atual, o bom e velho provérbio popular merece ser adequado ao poderoso mercado automobilístico: “diga-me com que carro andas que eu te direi quem és”.

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