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Educação para o trânsito começa em casa


Por Márcia Pontes Publicado 01/06/2016 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h27
 Tempo de leitura estimado: 00:00
Educação de trânsitoAdultos precisam ser sensibilizados e a parceria com a escola é uma via preferencial.

A educação de toda a criança começa em casa, de berço. Cabe à escola o papel de complementar essa educação com os conteúdos da grade. Com a educação para o trânsito não é diferente: aprender a atravessar a rua olhando para os dois lados, não atravessar a rua correndo e ficar de olho nos veículos para não ser atropelado são as primeiras coisas que os pais devem ensinar aos filhos. Até porque, desde que o mundo é mundo são os adultos (os mais vividos, os mais experientes, os responsáveis por ela) que ensinam as crianças.

Mas, parece que a nova geração quer inverter os papéis e colocar sobre os ombros das crianças a árdua tarefa de educar os adultos. Isso é muito ingrato!

É fato que as crianças têm uma influência enorme sobre as decisões dos adultos, e isso muito tem a ver com a permissividade de muitos pais como uma compensação pelo pouco tempo que têm para estarem com seus filhos.

Uma criança tem o poder de influenciar o pai para que ele não fure o sinal amarelo ou vermelho, para que ele não dirija de chinelos ou para que não dirija depois de beber. Mas, isso vai depender do quanto o pai, a mãe ou o adulto que cuidam dela lhe deem ouvido e a respeite.

É muito comum de acontecer que a criança aprenda os conteúdos de segurança e de práticas preventivas de acidentes no trânsito como atravessar só na faixa de pedestres quando o sinal está verde, mas, seja arrastada pelas mãos de um adulto a cortar caminho na frente dos carros em alguma via movimentada. O que se depreende com isso é que mesmo que a escola faça o seu papel, se as famílias não forem parceiras da escola, as crianças continuarão a mercê das imprudências e negligências de seus pais no trânsito. Porque desde que o mundo é mundo são os adultos que educam e que cuidam da criança e essa é uma relação basilar que não vai se inverter.

A criança é um agente social produtor de cultura, principalmente no sentido de práticas e costumes. Influencia os pais na compra de materiais escolares caros e de marca, motivo pelos quais se aconselha a não levá-las junto na compra, mas também influencia para as práticas seguras no trânsito. Muitos pais até se orgulham disso e seguem à risca as recomendações dos pequenos.

Mas, tem aqueles que ignoram, que não dão ouvidos e chegam até a ser truculentos. Infelizmente existe.

Nessa correria de Maio Amarelo foram muitas palestras em escolas de Blumenau tentando levar às crianças informações, orientações e fundamentos de cuidados preventivos no trânsito, inclusive, a partir da análise de fotos dos pontos de risco no entorno das escolas. E o que mais se ouve nessas palestras são “denúncias”, “entregas” dos pequenos quanto aos comportamentos inseguros dos pais.

Criança que bateu a cabeça no para-brisas em uma freada mais brusca; criança que bateu o nariz no banco da frente porque estava solta no banco de trás; criança que já pediu para o pai não dirigir depois de beber, mas o pai não deu ouvidos. Criança com menos de 7 anos levada para a escola de qualquer jeito na garupa de uma moto, e por aí vai.

O que pode a criança contra essas práticas de pais de ouvidos surdos aos seus apelos? O que pode a criança quando a própria mãe não consegue impedir que o pai da criança dirija bêbado, ou correndo, ou colando demais na traseira de outro veículo à sua frente?

Não seria exigir demais da criança, um ser em formação, que depende e muito dos ensinamentos e da responsabilidade de seus pais para crescer sadia e cuidadosa no trânsito?

Estamos ensinando conteúdos de trânsito seguro para a criança defender-se a si mesma e de seus pais imprudentes e negligentes ou estamos ensinando para que ela mude os hábitos hostis de seus pais no trânsito? Estamos ensinando a criança a ser o motorista do futuro, ou também o pedestre, o ciclista e o cidadão do futuro?

Crianças podem influenciar os adultos e isso é fato. Mas, desde que os adultos estejam dispostos a ouvi-las. Adultos de ouvidos surdos aos apelos da criança continuarão a colocá-las em risco.

Desde que o mundo é mundo são os adultos que educam as crianças e isso é mais antigo do que andar para a frente. De alguma forma, prevalecerá a vontade do adulto sobre as vontades da criança. Só não prevalece entre os pais permissivos que as colocam em risco dispensando  o cinto de segurança na cadeirinha, no booster ou para as crianças maiores diante da primeira birra ou choro.

Seja para atender aos apelos da criança por mais segurança e cuidados, seja para dispensar esses cuidados por conta da permissividade, o que prevalece é a boa vontade dos adultos. Estes sim, precisam ser sensibilizados e a parceria com a escola é uma via preferencial. A criança é um parceiro importante com grande poder de influência sobre os adultos para as questões do trânsito seguro. Mas, só quando estes a querem ouvir, respeitar e proteger.

Também precisamos aprender a lidar com isto.

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