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Postos de combustível adulterado superam postos credenciados


Por Talita Inaba Publicado 24/06/2013 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h36
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Flagrantes preocupantes de um comércio ilegal e extremamente arriscado. Nossos repórteres percorrem importantes estradas brasileiras e revelam: os pontos de venda de combustível irregulares já representam mais do que dobro dos postos credenciados no país. Motos, carros, tratores. É fácil encher o tanque sem nem chegar perto de um posto nas estradas brasileiras. Nossa primeira parada é na Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte. “Nós tivemos informações dos órgãos de segurança que trabalham em conjunto com o Ministério Público de que em todo o trecho da Fernão Dias isto está ocorrendo hoje, essa venda clandestina de óleo diesel”, afirma Paulo Barbosa, promotor do Ministério Público estadual de Minas Gerais. Uma carreta chega a uma casa, que aparentemente não tem nada de errado. Mas é grande a quantidade de galões escondidos atrás do portão. Um homem de camisa amarela e chapéu usa uma engenhoca para abastecer. É um funil artesanal, que enche o tanque do caminhão e substitui a bomba. O preço cobrado é bem menor do que o praticado na região: R$ 1,50. Uma borracharia no Pará é só fachada. Os pneus velhos e as bicicletas servem pra esconder mais um ponto de comércio ilegal de diesel. Mas não é só o combustível para caminhões que se vende irregularmente no Brasil. No Paraná, um botequim de beira da estrada não oferece só bebidas e salgadinhos. Repórter: Combustível, o senhor tem? Vendedor: Gasolina? Em uma mercearia da região metropolitana de Curitiba, dá pra comprar comida, material de limpeza e, de quebra, abastecer o carro. Mulher: Quantia de gasolina? Repórter: Me dá cinco litros. Quanto é cada um? Mulher: Sete e cinquenta. Repórter: E a gasolina, ela tem uma procedência… Ela é de onde? Mulher: Ela vem de Curitiba. Repórter: De Curitiba? E é segura, né? Não vai dar problema no meu carro? Mulher: Não, não, não, não. Garantidíssimo! A venda aqui não é por litro, é por garrafa pet. É tudo improvisado, não há bombas nem normas de segurança. A gasolina fica num quartinho de madeira nos fundos. E quem abastece é um menor de idade. Mulher: Coloca bem devagarzinho. Repórter: Rapaz, não é melhor colocar alguma coisa, uma luva aí, pra… Mulher: Não. Repórter: Não é perigoso? Isso não é tóxico, não? Mulher: Não. “Dois litros de gasolina são suficientes pra queimar duas pessoas a distância de um metro e meio. E a explosão dela é suficiente pra fazer dano à visão e ao ouvido”, alerta Moacyr Duarte, pesquisador sênior da Coppe-UFRJ. Dias depois do flagrante nossa equipe voltou lá. Repórter: O senhor vende esse combustível, Seu Adão? Adão: Não, eu só sirvo às pessoa quando precisa. Eu não vendo, tenho mais pro meu uso. mas e se chegar você e disser: ‘Estou aqui numa região sem gasolina’. Eu não tenho pra vender, mas eu tenho aqui e posso te arrumar”. Repórter: E quanto o senhor cobra? Adão: Sete e cinquenta a descartável. Os moradores de uma vila de Tucuruí, no Pará, levam gasolina pelas ruas. Aqui a venda ilegal é muito comum. Um homem enche as garrafas. Depois, abastece a moto. É grande o volume de gasolina armazenada. Mais uma vez tonéis e garrafas estão em um quartinho. Em nota, a ANP (Agência Nacional do Petróleo), que fiscaliza o setor, informou que pretende criar uma força tarefa para combater a irregularidade. Há pelo menos 90 mil postos de combustível de venda irregular de gasolina e diesel hoje no país, segundo a Federação dos Revendedores de Combustíveis (Fecombustíveis). Isso é mais que o dobro do número de postos credenciados. “Às vezes você vê garrafa pet com gasolina, ela pode ter metade gasolina, metade um solvente, pode ter metanol, um produto altamente cancerígeno”, comenta Paulo Miranda, presidente da Fecombustíveis. A pena pra quem pratica o comércio ilegal de combustíveis pode chegar até cinco anos de prisão. Lembra do lugar onde abastecemos a carreta em Minas Gerais? Agora encontramos apenas galões vazios e abandonados. “A gente tem aqui o cidadão com o rosto voltado na área de evaporação do produto inflamável. Num posto de gasolina normal, formal, o bico é introduzido no tanque do veículo. A emanação de vapor é mínima e o frentista não inala. É surpreendente que a gente não tenha mais acidentes, ou mais registros de acidentes, considerando as condições precárias das transferências. Acho que a fiscalização e uma orientação se faria necessário, porque afinal de contas cada um só tem uma vida”, alerta Moacyr Duarte. Fonte: Fantástico.com.br

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