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Mapa projeta crescimento desenfreado de mortes no trânsito


Por Mariana Czerwonka Publicado 07/07/2014 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h09
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Violência no trânsitoCada vez mais violentos e fatais, os acidentes de trânsito são a segunda maior causa de mortes no país e, pior, atingem majoritariamente a população de jovens, na faixa dos 15 aos 29 anos. Esta é a conclusão do “Mapa da Violência 2014 – os Jovens do Brasil”, produzido pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), sob a coordenação sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz. O estudo mapeia os números de homicídios, mortes em acidentes de transporte e suicídios, com base nos dados no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Além de relacionar os dados de Mapas divulgados pela Unesco desde 1998, o Mapa atual acrescenta os resultados até 2012.

“Passados 16 anos desde o primeiro Mapa, novos dados recentemente divulgados nos levaram a verificar, com grande preocupação, que continuam sendo, e de forma mais contundente ainda, os principais fatores a ceifar a vida de nossa juventude”, diz Jacobo. De acordo com o Mapa, a evolução histórica da mortalidade violenta no Brasil traz números impressionantes. Entre os anos 1980 e 2012, morreram 1.202.245 pessoas vítimas de homicídio, 1.041.335 vítimas de acidentes de transporte e 216.211 de suicídio. As três causas somadas totalizam 2.459.791 vítimas.

Apenas em 2012, 112.709 pessoas morreram em situações de violência no país, segundo o atual Mapa. O número, que equivale a 58,1 habitantes para cada grupo de 100 mil, é o maior da série histórica do estudo, divulgado a cada dois anos. Desse total, 56.337 foram vítimas de homicídio, 46.051, de acidentes de transporte (principalmente em vias terrestres), e 10.321, de suicídios.

Mortes no trânsito

Na década de 1980, as mortes em acidentes de transporte superaram os homicídios. Em 1980, por exemplo, foram 46,4% maior que os homicídios, diferencial que em 1996 elevou-se para 47,3%. Já a partir dos 1990, o diferencial de crescimento entre ambas fez com que os homicídios ultrapassem aceleradamente os óbitos em acidentes de transporte. Assim, já no ano 2000, esse diferencial passou para 52,7% favorável aos homicídios.

Na década de 1990, houve uma queda acentuada nos acidentes de trânsito em virtude da entrada em vigor do Estatuto do Trânsito de 1997. Porém, a tendência foi retomada já no ano 2000, com um aumento de 36% entre os anos 2000 e 2012. O aumento mais significativo ocorreu nos últimos anos, de 2009 a 2012, quando as taxas passaram de 20,2 para 23,7 mortes por 100 mil habitantes

“Passados os efeitos imediatos do Código de Trânsito de 1997, em virtude de mobilizações, campanhas e atividades educativas nas ruas, já no ano 2000 observamos a retomada da mortalidade com preocupantes aumentos nos números e nas taxas”, diz o pesquisador Jacobo. Ele informa que na última década, de 2002 a 2012, o número de mortes no transporte passou de 33.288 para 46.051, o que representa um aumento de 38,4%.

Tragédia anunciada

O Mapa da Violência revela que a partir da virada de século, os índices de mortalidade em acidentes de trânsito cresceram novamente de forma quase constante e sistemática. Entre 2000 e 2007, o grande aumento da vitimização jovem coincide com o aumento da frota de motocicletas, sobretudo na região Nordeste (76% dos óbitos) e Norte (64,8%). O número de motocicletas aumentou de 4 milhões em 2000 para 19,9 milhões em 2012, representando, atualmente, a participação de 26,2% do total nacional de veículos registrados pelo Denatran. Mantendo-se o ritmo atual, em 2024 a frota de motocicletas poderá superar a de automóveis.

Porém, o crescimento da frota de motocicletas significa mais mortes nos trânsito. Para Jacobo, os números atuais de óbitos beiram a tragédia. Segundo o Mapa, entre 1996 e 2012, o número de motociclistas mortos passou de 1.421 para 16.223, incríveis 1.041% de crescimento. “Há uma linha reta desde o ano de 1998, com um crescimento sistemático de 15% ao ano”, diz. Ele avalia que essa situação é fruto de um esquema ideológico que apresentou a motocicleta como carro do povo, por ser econômica, de fácil manutenção. “Em vez de se investir em transporte público, o trabalhador é que paga a sua própria mobilidade”,diz.

A persistir a situação atual de escassa educação no trânsito, pouca capacidade de fiscalização e baixa legislação, os acidentes de trânsito com motos provocarão uma grande matança de jovens. A taxa de 2012, que era de 8,4 mortes de motociclistas por 100 mil habitantes, deverá passar para 12,0 no ano 2020. “Isso significa que em 2020 deverão morrer acima de 25,5 mil motociclistas ao invés dos 16,2 que morreram em 2012”, alerta.

Fonte: Portal Nacional de Seguros

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