13 de dezembro de 2025

Formação e qualificação permanente do instrutor


Por Márcia Pontes Publicado 27/05/2013 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h45
Ouvir: 00:00

Vivemos na era da informação e da pesquisa como bem diz Blagovest Sendov; na sociedade do conhecimento como postula Edgar Morin ou mesmo na sociedade digital ou cibernética, segundo Norbert Wiener. Mas o que isso tem a ver com a formação e qualificação permanente do instrutor teórico e prático de CFC’s? Tudo a ver, leitores.

Viajando por esse Brasil afora com as palestras de formação, as paradas pedagógicas e rodas de conversa com os principais envolvidos no processo de ensinar a dirigir no Brasil percebo uma enorme desigualdade na realidade da formação e atuação dos instrutores. Normal.

Mas bem que poderíamos ampliar o foco para a realidade daqueles que estão há mais de 30 ou 40 anos na profissão, com muito orgulho, mas que não lembram da última vez que fizeram alguma leitura técnica de formação para melhorarem suas práticas. Não lembram da última vez em que pesquisaram sobre as novas tendências pedagógicas ou sobre o que há de novo no ensino da direção veicular.

Também há os instrutores que estão chegando agora na profissão, que acabaram de fazer o curso que os habilita à ensinar a dirigir, e que não sentem a necessidade, pelo menos por enquanto, de investir em sua formação.

Há ainda os CFC’s no interior com apenas um instrutor, distantes quilômetros das capitais, das oportunidades de cursos presenciais de atualização, de reciclagem, de formação e qualificação permanente.

Os baixos salários lideram a lista de justificativas, já que no final do mês não sobra nada para investir em cursos. Outra reclamação é de que há CFC’s que não incentivam a formação dos instrutores para cortar gastos e deixam seus instrutores trabalharem livres, sem a devida orientação e suporte pedagógico.

Então, como pensar em oportunidades de formação e qualificação permanente sem dinheiro e com tantas dificuldades?

A perspectiva de McLuhan de que a globalização faria do nosso planeta uma aldeia global já é realidade faz tempo. Por mais distantes que estejam, as pessoas estão conectadas ao mundo por um clique na internet.

Hoje temos uma difusão e um acesso cada vez maior às tecnologias da informação (TI’s), aos livros digitais, à biblioteca do Google Livros com visualização de até 100% das obras. Livros sobre didática, sobre novidades pedagógicas, sobre medo de dirigir, sobre a relação professor x aluno e tantos outros assuntos que possibilitam aos instrutores e às equipes pedagógicas do CFC uma formação difusa de excelente qualidade.

Nas redes sociais há uma diversidade de grupos e comunidades engajados na direção defensiva, na segurança no trânsito, em debater a melhoria do ensino da direção veicular, inclusive com depoimentos, comentários e pedidos de socorro dos alunos que não conseguem aprender nas aulas e buscam algum tipo de ajuda.

Livros, apostilas, slides, artigos, reportagens informativas, profissionais dispostos a orientar e ajudar na medida do possível. Isso e muito mais estão à disposição de quem tem iniciativa e vontade de melhorar as próprias práticas, a própria formação e qualificação permanente.

Não estou dizendo que a internet vai resolver todos os problemas, que a responsabilidade é só dos instrutores, muito menos que buscar alternativas criativas de qualificação deva eximir os CFC’s de fazerem a sua parte, que é, também, de investir em seus profissionais.

O que estou dizendo é que, apesar das dificuldades, dos baixos salários e da falta de incentivo, é possível encontrar na formação difusa e à distância a solução para muitos problemas. É só começar a escuta e a observação atenta das oportunidades.

Márcia Pontes

Meu nome é Márcia Pontes, sou educadora de trânsito em Blumenau (SC), Graduada em Segurança no Trânsito na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e colunista de assuntos de trânsito do Portal de Notícias Blumenews. Sou pesquisadora do medo de dirigir e dos métodos de ensino da aprendizagem veicular pelo método decomposto, desenvolvido na Suíça e difundido em autoescolas italianas.Em 2010 iniciei nas redes sociais um trabalho de Educação Para o Trânsito Online (EPTon) utilizando a força das mídias sociais (Orkut, Facebook, Blog, MSN, Twitter, Youtube) com foco no acolhimento emocional, aprendizagem significativa e dicas de direção defensiva, ética e cidadania no trânsito.Escrevo o Blog Aprendendo a Dirigir voltado para alunos em processo de habilitação nos CFC e para motoristas habilitados com dificuldades e medo de dirigir. O foco deste trabalho voluntário reconhecido internacionalmente leva acolhimento emocional, aprendizagem significativa e fundamentos de ética, cidadania e humanização do trânsito para evitar acidentes, sobretudo por imperícia.No ano de 2012 publiquei o livro digital Aprendendo a Dirigir: aprendizagem pelo método decomposto para evitar traumas e acidentes durante a (re)aprendizagem da direção veicular. Em 2013 publiquei o livro Aprendendo a Dirigir: um guia prático de exercícios para quem tem medo de dirigir.Sou apaixonada por trânsito, respiro, pesquiso cientificamente e vivo o trânsito com compromisso existencial. A principal luta da minha vida: contribuir para rever e atualizar os métodos de ensino da direção veicular no Brasil substituindo o adestramento do aluno e a memorização pela construção de conceitos e de significados sobre o ato de dirigir defensivamente.

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *