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Morte no trânsito: um dos maiores absurdos que o governo criou


Por Mariana Czerwonka Publicado 04/11/2013 às 02h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h26
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Gerardo Carvalho (Pardal)*

Acabei de receber a notícia de mais uma morte por atropelamento. Não sei até quando direi: mais uma Semana Nacional de Trânsito e nada de novo debaixo do sol. Todo ano, tem um seminário, um congresso sobre trânsito, mas de novo só o hotel onde é feito – e às vezes já é repetido.

Aconteceu de 12 a 14/9/13, num hotel de Fortaleza, o VII Encontro Ibero-americano da Federação Nacional das Autoescolas/Centro de Formação de Condutores – CFC – (FENEAUTO). Estranha a quase nula divulgação na mídia! O que se pode esperar na prática desse congresso, cuja mascote foi o simulador de direção para os futuros motoristas? Exigência que o Contran vem querendo impor desde 1998, pela Resolução do Contran, 74, art.4º, VI. Pelas conversas que pude observar, os empresários presentes não estão animados com este “game” viário: R$ 38 mil e R$ 1.600 mensais para manter o drive.

Tudo isso acontecendo, entra ano e sai ano, e a segurança no trânsito diminuindo e a violência aumentando. Por que será? A resposta é claríssima e admitida por todos – não sei pelo governo: FALTA DE EDUCAÇÃO. Infelizmente, não é posta em prática propositadamente. Com tristeza, concluir isto. Você já viu “Trânsito” em algum livro didático? Nem eu. Depois de 37 anos de magistério em escola pública. E o pior: aposentar-me-ei com a mesma inquietação. Não investindo em educação no trânsito na escola (caput do art. 76 do Código de Trânsito) e no ensino médio (Contran: Res. 265, art.1º) o governo dá clara prova de “sadismo”. Não já bastam tantas mortes?

Pela Res. 74, o Contran acrescentou, às autoescolas práticas, uma tarefa cujo efeito será sempre foi uma ilusão: educar o pretenso condutor. Primeiro, o instrutor teórico –professor? – precisa só do ensino médio para ensinar. Onde ele recebeu/recebe formação para tal? Segundo, o candidato (adolescente, jovem, adulto) já de cabeça “formada”, muito dificilmente, apreende alguma coisa e consegue avaliar sua mentalidade para uma interiorização ou mudança positiva de atitudes. Seu interesse maior é passar na prova. Como um pardal que chilreia no deserto, concluo que o Brasil, só e somente só, descerá do sangrento pódio de “campeão” mundial em acidente de trânsito, quando o MEC criar a disciplina CIDADANIA, incluindo obrigatoriamente o trânsito como um dos temas principais, desde as creches até à universidade. Sendo obrigatória também a formação dos professores sob a responsabilidade do órgão estadual/municipal de trânsito em convênio com os órgãos de educação dos três Sistema educacionais (CTB, art. 22,XII; 24,XIV,XVe art. 79). Como tema transversal – que, por sinal nem está incluído nos Programas Curriculares Nacionais (PCNs) – o resultado é duvidoso. Fica tudo diluído e o mais indispensável não acontece: construção/mudança comportamental.

* Professor, educador de trânsito, Jornalista.

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