13 de dezembro de 2025

O pedestre, a tecnologia e a falta de cuidados no trânsito


Por Márcia Pontes Publicado 08/07/2013 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h44
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Pedestre no trânsito

Atravessar a rua ouvindo música no Ipod, Iphone, Mp3 ou mesmo conferindo a caixa de mensagens, enviando SMS, discando ou falando ao celular tornaram-se, na era da tecnologia, um dos maiores riscos aos pedestres. Pura falta de autocuidados no trânsito que potencializam riscos de acidentes, mortes ou uma recuperação lenta e dolorosa.

Ao certo, não se sabe quantas pessoas são atropeladas, feridas ou mortas diariamente no Brasil porque estavam distraídas com seus aparelhos eletrônicos no trânsito. Os únicos dados que se tem são o que a mídia noticia e o que a realidade mostra.

Um estudo feito nos Estados Unidos sobre acidentes com pedestres revelou que triplicaram os atropelamentos de pessoas que atravessavam a rua com fone de ouvido, enviando mensagens de texto, falando ao celular ou conversando com alguém do lado.

Um dos maiores riscos, independente do volume do aparelho, é o da distração. A música aumenta a sensação de isolamento no espaço compartilhado que é o trânsito; desperta emoções que se juntam aos sentimentos, fazem a pessoa “viajar” para outro mundo, ficar absorta, distraída, e não se dar conta dos perigos da via.

Além da distração, quem atravessa a rua mesmo em cima da faixa de pedestres está alheia ao que acontece à sua volta, não ouve os sons do trânsito como as buzinas, freadas, sirene de ambulância porque o som que está ouvindo é outro: o do fone de ouvido.

A tal pesquisa americana feita pelo Hospital da Criança, na Universidade de Maryland, dá conta que em mais de 20% dos casos de atropelamentos nas terras do Tio Sam o motorista tocou a buzina, mas o pedestre não ouviu.

Não é só a acuidade e a capacidade auditiva que fica comprometida, mas também a atenção visual para o que está à volta do pedestre. Isso porque ouvir música a qualquer volume no fone de ouvido enquanto se está caminhando no trânsito reduz as fontes cerebrais que captam os estímulos externos.

Como se não bastassem os motoristas que dirigem falando ao celular, passando SMS ou até mesmo fazendo buscas em mapas ao celular ou no GPS enquanto dirigem, tem mais essa: pedestre distraído que se lança sobre a via, com ou sem faixa de pedestres, totalmente absorto, no mundo da lua.

O mesmo Código de Trânsito Brasileiro que diz que o motorista deve dar a vez a vez ao pedestre na travessia da via é o mesmo código que diz que o pedestre deve atravessar a rua com autocuidados, atenção, verificando a distância e a velocidade dos carros para uma travessia segura.

Na era da tecnologia, além de conviver no trânsito com motoristas que confiam demais nas facilidades e nos instrumentos dos carros ignorando que nada substitui o condutor, a direção defensiva e a atenção no trânsito, temos de conviver com pedestres com surdez seletiva.

Todo cuidado é pouco, senão, não terão tempo de ouvir nem a marcha fúnebre.

Márcia Pontes

Meu nome é Márcia Pontes, sou educadora de trânsito em Blumenau (SC), Graduada em Segurança no Trânsito na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e colunista de assuntos de trânsito do Portal de Notícias Blumenews. Sou pesquisadora do medo de dirigir e dos métodos de ensino da aprendizagem veicular pelo método decomposto, desenvolvido na Suíça e difundido em autoescolas italianas.Em 2010 iniciei nas redes sociais um trabalho de Educação Para o Trânsito Online (EPTon) utilizando a força das mídias sociais (Orkut, Facebook, Blog, MSN, Twitter, Youtube) com foco no acolhimento emocional, aprendizagem significativa e dicas de direção defensiva, ética e cidadania no trânsito.Escrevo o Blog Aprendendo a Dirigir voltado para alunos em processo de habilitação nos CFC e para motoristas habilitados com dificuldades e medo de dirigir. O foco deste trabalho voluntário reconhecido internacionalmente leva acolhimento emocional, aprendizagem significativa e fundamentos de ética, cidadania e humanização do trânsito para evitar acidentes, sobretudo por imperícia.No ano de 2012 publiquei o livro digital Aprendendo a Dirigir: aprendizagem pelo método decomposto para evitar traumas e acidentes durante a (re)aprendizagem da direção veicular. Em 2013 publiquei o livro Aprendendo a Dirigir: um guia prático de exercícios para quem tem medo de dirigir.Sou apaixonada por trânsito, respiro, pesquiso cientificamente e vivo o trânsito com compromisso existencial. A principal luta da minha vida: contribuir para rever e atualizar os métodos de ensino da direção veicular no Brasil substituindo o adestramento do aluno e a memorização pela construção de conceitos e de significados sobre o ato de dirigir defensivamente.

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